Passeios do futuro podem ser aquecidos ou flexíveis (com FOTOS)



Ao contrário de Portugal, os passeios na maioria das restantes cidade mundiais são em betão ou cimento. Estes materiais têm sido os mais utilizados ao longo de vários anos porque são fortes e baratos. Um passeio nestes materiais pode durar décadas – os passeios de New Jersey, por exemplo, têm uma média de vida estimada em 75 anos.

Contudo, o betão também tem as suas desvantagens, especialmente nas cidades que têm a intenção de melhorar a circulação dos peões. As raízes das árvores podem rachar o cimento, criando perigos para os transeuntes (especialmente para os que necessitam de cadeiras de rodas e para os pais com carrinhos de bebé), e quanto mais a árvore cresce mais estragos as suas raízes provocam estragos no pavimento. A reparação costuma ser cara.

Devido a estas desvantagens, algumas cidades começaram a estudar alternativas aos passeios tradicionais. Tanto as autarquias e governos locais como as empresas tecnológicas estão a analisar novas maneiras de construir passagens para os pedestres que transcendam a mistura de cimento com agregados, conhecida como betão. Estes materiais têm ampliado não só a forma como as cidades constroem as calçadas mas também a própria noção de como um passeio pode ser.

Estes novos materiais podem melhorar a usabilidade dos passeios, gerar energia renovável e melhorar a segurança pública, ao mesmo tempo que suportam a presença das raízes das árvores que ao longo de décadas tem criado rachas nas placas de betão dos pavimentos.

Cidades como Nova Iorque ou Mineápolis, onde costuma nevar, começaram a experimentar passeios aquecidos. Embora feitas também com o tradicional betão, é encaixado um sistema vascular nestas calçadas, que transporta água aquecida através de tubos, o que permite aquecer a superfície e derreter a neve e o gelo. Contudo, os custos destes pavimentos ultrapassam os €73.000 por um pequeno trajecto, do tamanho de uma paragem de autocarros. Mas os custos com a limpeza dos passeios também são menores, assim como o risco de escorregar.

No outro extremo do espectro tecnológico existe um grande interesse em utilizar os passeios – e as pessoas que os utilizam – como fontes geradoras de energia. Uma empresa britânica, a Pavegen (ver galeria), criou um pavimento em borracha reciclada que converte a pressão dos passos dos pedestres em electricidade cinética. O material foi instalado em algumas estações de comboio, parques infantis e escritório por todo o Reino Unido e França e a energia produzida é utilizado para gerar e recolher a energia de milhares de passos, refere o City Lab.

Uma outra empresa, a Pro-Teq Surfacing, criou uma substância em spray que permite aos passeios brilharem no escuro. O material absorve e armazena a radiação ultravioleta durante o dia e liberta-a durante a noite, criando um brilho azulado. A empresa começou já a testar o spray pequenas porções dos passeios de Cambridge, em Inglaterra.

Contudo, a nova tecnologia mais popular é a borracha flexível. Normalmente, a borracha é produzida a partir de restos de pneus velhos e plásticos reciclados. O objectivo deste pavimento em borracha flexível é conter a destruição causada pelas raízes das árvores nas lajes de betão. A cidade de Santa Mónica, na Califórnia, é a pioneira na adopção dos passeios em borracha, aplicando-os desde 2000. Estes passeios possuem uma superfície mais suave com menos falhas entre as placas.

Contudo, apesar de as raízes das árvores já não racharem a superfície, em alguns casos tornam os passeios em superfícies onduladas, o que está longe do pavimento ideal. Mesmo depois de vários anos de experiências com materiais diversos e interacções de passeios em borracha tanto a cidade de Santa Mónica, como a maior parte das cidades, não encontrou um substituto à altura do betão.

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