Pedro Figueira, Tafibra: “A indústria tem de estar preparada para inovar [na sua relação com] o ambiente, bem-estar e sustentabilidade”



Em Fevereiro, a Tafibra lançou o So Caring, um painel decorativo melamínimo ou termolaminado com propriedades anti-bacterianas. Sem criar ambientes esterilizados que possam, de algum modo, reduzir as defesas naturais das pessoas, o So Caring destina-se a revestir ou decorar espaços interiores, de utilização pública ou privada.

Em entrevista do Green Savers, o director de marketing da Tafibra, Pedro Figueira, falou sobre o novo produto e toda a estratégia de sustentabilidade, ambiental e de bem-estar que envolveu o seu lançamento.

Como surgiu a ideia para lançar o So Caring?

A inovação e o desenvolvimento de novos produtos são parte integrante da estratégia e, mesmo, do ADN da Sonae Indústria. Assim, o lançamento de So Caring surgiu de forma natural, com o objectivo de colmatar uma necessidade de mercado: um produto que contribui para a protecção e o bem-estar das pessoas, para além de manter as excelentes características decorativas, funcionais e ambientais dos derivados de madeira.

Quanto investiu a Sonae Indústria no desenvolvimento do novo produto?

O investimento total foi um processo de desenvolvimento de produto de cerca 15 meses e 500 mil euros.

Quais as vantagens, directas e indirectas, do So Caring na sustentabilidade ambiental?

A vantagem mais imediata das superfícies So Caring é o facto de serem anti-bacterianas, reduzindo o risco de contaminação e contribuindo para a protecção da saúde dos utilizadores dos espaços onde são aplicadas. Contudo, tratando-se de painéis derivados de madeira, os painéis So Caring contribuem, também, de forma decisiva, para a sustentabilidade, não só porque a madeira sequestra carbono, impedindo-o de se libertar na atmosfera sob a forma de CO2, mas também porque são produzidos com madeira reciclada, sendo, pois, parte integrante e fundamental do ciclo virtuoso da madeira.

Sendo as superfícies So Caring, para além de anti-bacterianas, de fácil limpeza e manutenção, podemos deduzir que precisará de uma menor utilização de detergentes ou produtos de limpeza?

Não, as características anti-bacterianas de So Caring, significando uma redução do risco de contaminação, são um complemento de protecção, o que não substitui, de forma alguma, os hábitos de higiene e as adequadas necessidades de limpeza.

Como é que um derivado de madeira se torna anti-bacteriano?

As superfícies So Caring integram na sua composição um composto de prata, um agente bactericida natural, que lhe confere propriedades anti-bacterianas.

Mas a libertação do aditivo de prata para a atmosfera constitui, de alguma forma, um perigo para a saúde?

De forma nenhuma, conforme o demonstram os testes efectuados em laboratórios externos, nomeadamente os estudos de migração da prata realizados pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, verificando-se que o contacto de alimentos com superfícies So Caring é perfeitamente seguro.

Qual o tempo de vida do So Caring?

A eficácia anti-bacteriana das superfícies So Caring mantém-se durante toda a vida dos painéis decorativos, seja em superfícies de mobiliário, de revestimentos de paredes ou pavimentos, não sendo afectada pela sua limpeza regular.

Quais as principais aplicações a que se destina o So Caring?

Os painéis So Caring destinam-se à produção de mobiliário, revestimentos ou pavimentos decorativos para espaços interiores de utilização pública ou privada. São especialmente recomendados para aplicação em escolas, infantários, ginásios, centros comerciais, espaços de restauração, hotelaria, hospitais, centros de saúde ou consultórios.

O So Caring é produzido com madeira reciclada. Esta é uma preocupação habitual da Sonae Indústria?

Uma das vantagens principais dos aglomerados de madeira produzidos na Sonae Indústria é a incorporação de madeira reciclada, obtida a partir de resíduos urbanos e industriais como mobiliário usado, paletes ou resíduos de construção. Ao incorporar esta madeira reciclada “post-consumo” na produção de derivados de madeira decorativos, prolongamos o ciclo de vida da mesma, contribuindo para, por um lado, manter nela sequestrado o carbono e, por outro, dando um destino adequado a resíduos que, de outra forma, iriam ocupar um espaço importante em aterro.

Na Sonae Indústria temos, pois, uma preocupação especial para com a reciclagem de madeira. Esse aspecto da nossa estratégia e prática empresariais está, aliás bem patente em www.madeiraurbana.com.

Qual a vossa relação com o FSC Portugal? Qual a importância do FSC para garantir a sustentabilidade (económica e social) da indústria florestal?

As unidades industriais e os centros de reciclagem de madeira da Sonae Indústria, em Portugal e em Espanha, estão certificados não só pelo FSC, mas também pelo PEFC.

Este tipo de certificações é importante porque promove a gestão florestal responsável, salvaguardando as funções ambientais, económicas e sociais das florestas.

Porque razão lançaram um produto no segmento do bem-estar? Este poderá ser um segmento em expansão nesta indústria?

Em geral, os produtos derivados de madeira que a Tafibra comercializa destinam-se à produção de mobiliário, de painéis para isolamentos térmicos ou acústicos, de revestimentos ou de pavimentos decorativos. São, pois, materiais que, do ponto de vista do conforto ambiental e estético, estão já claramente direccionados ao bem-estar das pessoas. So Caring vem acrescentar a dimensão da protecção contra a contaminação bacteriológica.

O investimento da Sonae Indústria e concorrentes em produtos que promovem o bem-estar ou sustentabilidade terá de obrigar a indústria a reinventar-se?

A indústria tem que estar receptiva e preparada para inovar, continuamente, nomeadamente nos aspectos relacionados com o ambiente, o bem-estar e a sustentabilidade.

Como vê a inovação, neste sector, relacionada com a sustentabilidade ambiental?

A inovação procura melhorar o desempenho ambiental dos produtos permitindo, por um lado, preservar matérias-primas e recursos naturais e, por outro, aumentar a performance dos próprios processos de produção. Além disso, procura integrar e optimizar os recursos e as soluções, sempre tendo em vista um resultado que seja positivo do ponto de vista do futuro do planeta. É de ressaltar, no entanto, que a procura da sustentabilidade tem sempre que ter em conta os seus outros dois pilares, o social e o económico.

Qual o papel de empresas como a Sonae Indústria na promoção das boas práticas sustentáveis?

Considero que a principal promoção é a liderança pelo exemplo. Recomendo a consulta da política da Sonae Indústria para a sustentabilidade em www.sonaeindustria.com

Como vê o mercado onde actuam ao nível do desenvolvimento sustentável? Esta é já uma prática normal, ou as empresas ainda hesitam quando chega a hora de tornar os seus produtos ambientalmente mais sustentáveis?

A procura e promoção do desenvolvimento sustentável é uma realidade nos mais variados sectores. Nos últimos anos tem-se verificado o incremento de práticas que promovem a sustentabilidade e que geram valor para todos os agentes da sociedade. Acima de tudo, há sempre que ter em conta que a sustentabilidade não é uma opção, é uma exigência em qualquer actividade, sem a qual não haveria futuro.





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