Pequeno réptil das Caraíbas salvo do precipício da extinção



Pense num clipe que tenha usado recentemente para manter junto um conjunto de folhas. Esse é o tamanho aproximado de um pequeno réptil que só existe numa área remota de uma das ilhas do arquipélago que forma o Estado de São Vicente e Granadina, nas Caraíbas.

Conhecido como lagartixa da Ilha de União, de onde é nativo e exclusivo, e com o nome científico de Gonatodes daudini, este réptil minúsculo enfrentou a ameaça da extinção, mas, graças a esforços de conservação da comunidade local, do governo e de organizações não-governamentais (ONG), o futuro da população está mais brilhante.

A Fauna & Flora International (FFI) é uma das ONG envolvidas na recuperação desta espécie e, em comunicado, revela que o número de Gonatodes daudini na Ilha de União aumentou de cerca de 10 mil em 2018 para 18 mil nos dias de hoje, um crescimento de 80% que Roseman Adams, co-fundador da organização local Union Island Environmental Alliance, diz ser uma “história de sucesso”.

A população desse animal de cores exuberantes e padrões distintivos reside exclusivamente numa área de 50 hectares de floresta antiga na Ilha de União, e essa distribuição extremamente limitada faz com que seja bastante vulnerável aos efeitos das atividades humanas no seu habitat e a desastres naturais, como furacões, que se têm tornado cada vez mais intensos nas Caraíbas.

Lagartixa da Ilha de União (Gonatodes daudini).  Crédito: Jenny Daltry / Fauna & Flora International

O Gonatodes daudini foi identificado pela primeira vez em 2005, e devido à sua peculiar capacidade para mudar a cor da sua pele, tal como um camaleão faria, tornou-se muito procurado como animal de estimação. Em 2017, conta a FFI, era o réptil mais traficado na região, resultando em perdas populacionais de quase 80% entre 2010 e 2018, devido, sobretudo, à caça furtiva e aos estragos causados no seu habitat bastante limitado.

O cenário era negro para o pequeno réptil, e por isso a comunidade local, o governo e as ONG juntaram-se e criaram, em 2016, um plano para evitar a extinção da espécie, com a expansão e proteção das áreas habitadas pelo G. daudini , a mobilização de patrulhas paramilitares para combater a caça-furtiva e a instalação de um sistema de videovigilância permanente.

Em 2019, a espécie passou a fazer parte do Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagem, a CITES, fornecendo à pequena lagartixa da Ilha de União “o nível mais elevado de proteção contra a exploração e comércio ilegal”.

Jenny Daltry, da FFI, diz que o Gonatodes daudini, através de todos os esforços de conservação empreendidos, “tornou-se um dos répteis mais bem protegidos em todo o mundo”. Esta espécie ainda está classificada como estando ‘criticamente ameaçada’, mas a comunidade local, as autoridades de São Vicente de Granadina e os conservacionistas acreditam que se os esforços de monitorização e proteção continuarem a dar bons resultados, numa “vigilância eterna”, será possível assegurar o futuro deste pequeno réptil.





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