Plástico nos oceanos cheira a comida… de peixe
Existem mais de 50 espécies de peixes que se sabe comerem plástico, e mais de 700 espécies marinhas estão em contacto directo com ele. Desde os anos 1950 que a humanidade acumula plástico nos oceanos, em quantidades crescentemente catastróficas. À medida que o plástico se desfaz em pedaços cada vez mais pequenos, por vezes microscópicos, é comido e absorvido pelos tecidos das espécies, entrando assim na cadeia alimentar. As consequências deste comportamento estão muito longe de serem conhecidas, quer para os peixes, quer para os humanos, o elo final na cadeia.
Um estudo com um ano, publicado na “Science”, mostrava como as percas preferiam plástico ao próprio plâncton que é suposto comerem, com consequências físicas no desenvolvimento: não só cresciam menos como perdiam algumas faculdades, como por exemplo a capacidade de “cheirarem” os lúcios, seus predadores naturais, sendo por isso muito mais facilmente caçadas.
Agora descobriu-se que o plástico, passado algum tempo no mar, ganha um odor químico que atrai os peixes, como se fosse uma presa. É exactamente isso que se pode concluir de um recente estudo realizado com arenques, que foram expostos a plástico retirado do oceano e plástico não exposto. O último não gerou qualquer interesse, mas o primeiro gerou comportamentos predatórios.
“Esta é a primeira evidência comportamental de que os resíduos de plástico nos oceanos são quimicamente atraentes para os consumidores marinhos” podia ler-se na “Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences”, a revista científica onde o estudo foi publicado.
Já se conhecia que as cores ou as formas dos plásticos podiam atrair os peixes, agora descobriu-se mesmo que essa atracção é mais química do que isso.
Foto: Public Domain