Poço de petróleo na costa alentejana rejeitado pelas autarquias, ONG e empresários do turismo, agricultura e imobiliário



O consórcio entre a Eni e a Galp anunciou este mês a intenção de abrir um poço de petróleo, este Verão, em Portugal, o primeiro em águas profundas e que ficará situado na costa alentejana, a cerca de 80 quilómetros de Sines. O poço será, numa fase inicial, de carácter exploratório, mas já foi adiantado que, em caso de descoberta de petróleo, serão abertos mais poços para estimar o tamanho e a extensão da jazida.

Em comunicado enviado ao Green Savers, a organização não-governamental de ambiente Quercus mostrou-se “preocupada” com a notícia. “A ocorrência de um eventual acidente numa exploração deste género, mesmo que pontual, terá consequências avassaladoras, tanto do ponto de vista sócio-económico como ambiental, afectando irreversivelmente ecossistemas únicos e frágeis, bem como diversas espécies, incluindo aves marinhas, baleias e golfinhos”, explicou a ONGA.

Já a Associação de Municípios do Algarve (AMAL), na ausência de respostas por parte do Secretário de Estado da Energia, decidiu avançar com a interposição de um processo judicial, com o objectivo de travar o contrato de concessão de duas explorações de petróleo em terra, atribuídas em Setembro do ano passado à Portfuel. Pretendendo discutir a legalidade destes contratos, os autarcas defendem que este tipo de exploração não é compatível com a actividade turística e que acarreta riscos brutais para esta região.

“A forte contestação a projectos desta natureza que se está a verificar, não só no Algarve mas também em outras regiões do país, por cidadãos e entidades representativas de vários sectores com enorme importância económica, como o Turismo, o Imobiliário, a Agricultura e as Pescas, é razão suficiente para o Governo Português suspender todos os projectos de prospeção a decorrer em Portugal e proceder aos estudos de impacte ambiental essenciais a uma consulta pública até hoje inexistente”, garante a Quercus.

De acordo com a associação, o caminho de Portugal deverá passar por investimentos mais sólidos em energias renováveis compatíveis com a conservação da natureza, assim como pela eficiência energética, ao invés da aposta na exploração de hidrocarbonetos, que entra em contradição com os compromissos assumidos pelo Estado Português na cimeira COP21.

Foto: Hugo Cadavez / Creative Commons





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