Politécnico de Leiria cria projeto para otimizar a gestão dos recursos pesqueiros marinhos
Uma equipa de investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria, em colaboração com a Organização de Produtores de Peixe do Centro (OPCentro), acaba de criar o “e-Fishing – Novas ferramentas moleculares para apoio à gestão das pescas”, um projeto que pretende otimizar as estratégias de gestão dos recursos pesqueiros marinhos.
A importância e o impacto socioeconómico que o setor da pesca assume em Portugal, aliada a uma aparente quebra nos stocks pesqueiros assinalada nos últimos anos, estiveram na base da criação do projeto. Este vai utilizar uma abordagem inovadora que permita o conhecimento do estado de integridade dos ecossistemas marinhos, através da monitorização e definição de modelos preditivos da dinâmica dos recursos pelágicos, e contribuir para a adaptação de medidas que visem a sua exploração sustentável.
Como os investigadores explicam, esta abordagem baseia-se no uso de técnicas moleculares, através da análise de DNA ambiental (eDNA) isolado de amostras de água do mar, que contém moléculas de DNA provenientes dos organismos que habitam a coluna de água (pele, mucosas e/ou produtos da atividade metabólica). Cada amostragem permite identificar os organismos presentes num dado momento e local de amostragem, sendo que os dados obtidos permitirão avaliar a diversidade e abundância de espécies de peixes presentes na zona costeira portuguesa, particularmente as espécies com maior interesse económico e ecológico, assim como a diversidade e biomassa das comunidades zooplanctónicas, que representam a base da cadeia alimentar de muitas destas espécies.
O “e-Fishing” destaca-se também pela abordagem multidisciplinar e inovadora que apresenta, na medida em que integra investigadores de diversos domínios científicos -Biotecnologia, Biologia Molecular, Biologia Marinha, Microbiologia e Bioquímica -, e atribui um papel ativo aos pescadores e às associações que os representam. Os pescadores vão contribuir para a recolha de amostras biológicas e disponibilização dos dados de captura e de pescado vendido em lota, já à comunidade científica, cabe a responsabilidade de analisar e integrar os dados em modelos matemáticos previsionais, o que permitirá conhecer o estado real e atual das populações e a implicação direta dos níveis de captura nos stocks pesqueiros, e definir as medidas de gestão mais adequadas.