Poluição do Cais do Sodré equivalente à do porto de Hamburgo, Veneza e Barcelona



Os níveis de poluição medidos no Cais do Sodré são idênticos aos do porto de Hamburgo, o que é pouco recomendável, segundo a Quercus. A ONGA (Organização Não-Governamental de Ambiente) está a avaliar a poluição nos portos de Lisboa, em conjunto com a NABU, uma associação de defesa do ambiente alemã, e as medições realizadas no terminal de ferries no Cais do Sodré e no terminal dos navios de cruzeiro, em Santa Apolónia, registam valores muito elevados de poluição atmosférica.

“Neste momento, no terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, estão dois cruzeiros atracados a receber passageiros, e estamos com níveis de 20 mil partículas por centímetro cúbico. É um valor bastante elevado, tendo em conta que para um ar considerado limpo, os níveis deveriam estar nas mil partículas por centímetro cúbico”, sublinhou à agência Lusa Mafalda Sousa, da Quercus.

Este tipo de poluição é causado por partículas de muito pequena dimensão e que entram facilmente no sistema respiratório. Muitas são compostas por carbono negro, uma substância considerada carcinogénica, que pode provocar asma, bronquites e agravar problemas respiratórios já existentes.

Como referência, no meio da cidade de Berlim, os técnicos da NABU mediram valores de seis mil partículas por centímetro cubico. Daniel Rieger, técnico da NABU, explicou à agência Lusa que as pessoas desconhecem a qualidade do ar que respiram na cidade e a acção da associação de defesa do ambiente alemã é precisamente dar a conhecer o que acontece nos principais portos europeus através do projecto Clean Air Ports.

“Temos equipamentos que avaliam as emissões de partículas, óxidos de enxofre e óxidos de azoto, e os valores que foram registados de poluição causada pelos dois navios aqui agora ancorados são muito superiores aos da poluição causada pelo tráfego e vão no ‘fumo’ para o centro da cidade, onde as pessoas vivem e o respiram todos os dias”, explicou Daniel Rieger.

O especialista referiu que os resultados encontrados em Lisboa são comparáveis aos medidos em outros portos europeus com navios de cruzeiro, como Veneza, Barcelona, Bergen (Noruega) e Hamburgo (Alemanha). Tais resultados devem-se ao facto de os navios estarem a navegar com “combustíveis muito pesados e sujos, sem fazerem nada para filtrar o ar poluído”.

Mafalda Sousa adiantou que os dados agora recolhidos vão ser apresentados à Administração do Porto de Lisboa (APL), com sugestões e recomendações de como pode ser melhorado o desempenho deste tipo de navios.

Foto: Pedro Ribeiro Simões / Creative Commons





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