Ponte do Metro do Porto terá “impacto negativo bastante significativo” na paisagem



O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da linha Rubi do Metro do Porto admite que a nova ponte sobre o rio Douro causa um “impacto negativo bastante significativo” na paisagem e, “sobretudo, cenicamente”, apesar de estarem previstas medidas de mitigação projetadas pelo arquiteto Álvaro Siza.

Ao contrário dos restantes impactos para o restante traçado da linha Rubi, que “terá um impacte nulo” no traçado subterrâneo ou “ocorrendo pontualmente alguns impactes pouco significativos”, “constitui exceção o novo atravessamento do rio Douro, que terá um impacte negativo na paisagem bastante significativo, estrutural e, sobretudo, cenicamente”.

As informações constam do resumo não técnico do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da linha Rubi do Metro do Porto, que hoje entrou em consulta pública que ficará aberta até 17 de novembro.

O mesmo resumo refere, porém, que “globalmente, a implementação do projeto, apesar de acarretar a ocorrência de impactes negativos na paisagem, não se constitui como uma disrupção inaceitável na paisagem da cidade do Porto”.

Também relacionado com o novo atravessamento do Douro, entre a Arrábida (Vila Nova de Gaia) e a zona do Campo Alegre (Porto), o EIA refere que na fase de exploração do serviço do Metro do Porto “prevê-se uma ligeira e pontual ultrapassagem dos limites acústicos legais devido ao tráfego ferroviário (só na zona sensível das Faculdades de Letras e de Arquitetura)”.

“Há a possibilidade de cumprimento dos limites acústicos legais em todos os casos, previsivelmente com medidas tecnológicas normais e não excessivamente extensas (pavimento menos ruidoso para as vias rodoviárias do projeto e envolvimento do carril com material resiliente e/ou barreiras acústicas inovadoras de baixa altura para o início da ponte junto às Faculdades de Arquitetura e de Letras)”, refere o resumo não técnico.

A construção da nova ponte, “que também terá uma ciclovia e um percurso pedonal, comporta impactes negativos ao nível da mobilidade, afetação direta e indireta de propriedade pública e privada e, também, implica a demolição de um Posto de Abastecimento de Combustível”, pode também ler-se no texto.

Já no estudo propriamente dito, no capítulo relativo à “Integração urbana do traçado e dos apoios”, é referido que o “atravessamento e desembarque da ponte sobre esta área da cidade faz-se entre Imóveis de Interesse Patrimonial evidente”.

“Nesta zona, sobre a curva da Via Panorâmica entre a antiga casa da escritora Agustina Bessa Luís e a Casa Rosa, da Faculdade de Arquitetura (Antiga mansão da Quinta da Póvoa), a interferência com o tecido urbano é considerada sensível”, pode ler-se no documento.

O texto dá conta que “o traçado da ponte sobrepõe-se ao muro de delimitação da faculdade, sendo, de facto, a maior fragilidade do traçado”, mas “torna-se inevitável este confronto com o património edificado”.

Após a análise da entrada em túnel, esta foi descartada porque “não cumpria o requisito de cota imposto pelo ponto 3 do traçado do caderno de concurso” e “implicaria um maior custo, conduziria a uma assimetria na ponte principal, em virtude da grande diferença de cotas entre os dois lados e acarretaria maiores pendentes longitudinais no tabuleiro tanto para o metro como para peões e ciclistas”.

Assim, “a solução proposta assume o corte do antigo Muro da Quinta da Póvoa (Casa Rosa em desenho), reconstituindo-o a 8.00 m quase paralelo à fachada da Casa e a 7.60 m do perfil da ponte”, e “entre o alinhamento do muro reconstituído e o perfil de desembarque, de acordo com o Plano do Arq.[arquiteto Álvaro] Siza para o local, desenharam-se dois passeios em rampa”.

“No arranque do passeio anexo ao muro renovado desenhou-se uma área de receção, entre portão da faculdade e a rampa do túnel do metro, que assume o centro gerador de toda a intervenção. A nova praça ocupa uma posição central, conciliadora dos vários corredores e funções que convergem ao local”, explicita o estudo.

O documento refere ainda que “o jardim frente à faculdade em estado de abandono, usurpado pelo estacionamento ad hoc, será alvo de ordenamento pela mão do Arq. Siza”.

Quanto ao túnel do metro, até chegar à ponte no lado do Porto, “nos primeiros 450 m o traçado irá fazer os ajustes necessários para fazer a conexão entre o alinhamento reto inicial e o alinhamento definido para a ponte, também este reto”.

“Esta conexão face à existência de prédios e arruamentos foi feita recorrendo a duas curvas de sentido contrário (curva e contra curva) de raio 200 m”, refere o texto.

A construção da futura linha Rubi do Metro do Porto, entre Santo Ovídio e Casa da Música, deverá levar dois anos e 10 meses, podendo obrigar à demolição de edifícios em Gaia, segundo o EIA.

Em Gaia, as estações previstas para a linha Rubi são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música.

A construção da linha Rubi, prevista no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), custará 300 milhões de euros mais IVA.





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