Por que devemos ficar preocupados com ligações de duas horas entre Londres e Sydney?
Em poucos anos, viajar entre Londres e Sydney pode demorar duas horas e meia. No mesmo período temporal, um viajante pode chegar, via Londres, a São Paulo ou Cidade do Cabo, de acordo com a previsão da consultora Knight Frank no Wealth Report, um estudo que procura perceber quais as inovações para este público-alvo abastado.
O relatório, que pode ser consultado aqui, tem a dose certa de futurismo e novo-riquismo mas, infelizmente, é realista e representa as prioridades de uma franja muito específica da população: ter acesso a serviços cada vez mais exclusivos.
De acordo com o Quartz, tudo isto é permitido devido aos vôos sub-orbitais, que reduzirão os tempos de viagem e estarão ao alcance dos mais abastados ainda este ano, com a oferta da Virgin Galactic, por exemplo. Assim, Moscovo e Washington ficarão à distância de uma hora, e a ligação entre Dubai e Vancouver será feita em hora e meia.
Este serviço reutiliza aviões para entrar na órbitra terrestre baixa, por uns breves momentos, e regressar a solo através de uma aterragem tradicional. Um bilhete simples pode custar €180 mil (R$ 585 mil), segundo o Quartz, e a velocidade destas naves pode chegar aos 6.500 quilómetros por hora.
O relatório da Knight Frank – uma consultora imobiliária – tenta provar que, num futuro próximo, qualquer pessoa pode comprar várias casas em diversos locais do mundo, podendo rapidamente deslocar-se de uma habitação para outra. O estudo também afirma que, como todas as inovações desenvolvidas para a classe bilionária, também esta chegará um dia aos cidadãos normais. Mas o que nos leva a este artigo é um dúvida quase existencial: será que estamos a calcular bem as prioridades deste século?
Numa altura em que os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos e o planeta corre, em contra-relógio, para a sua luta contra a pobreza e alterações climáticas, será a ligação entre Londres e Sydney em tempo recorde a mais importante inovação a desenvolver?
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Foto: NASA Goddard Space Flight Center / Creative Commons