Porto Design Biennale arranca em outubro com água por tema e Espanha por convidada



A Porto Design Biennale 2023 regressa a 19 de outubro e, nesta terceira edição, com o “Ser Água – Como Fluímos e nos moldamos coletivamente”, o país convidado é Espanha e há uma plataforma-laboratório transdisciplinar, anunciou o curador principal, Fernando Brízio.

Em conferência de imprensa na Esad-Idea – Investigação em Design e Arte, em Matosinhos (Porto), o investigador e ‘designer’ Fernando Brízio explicou que o tema formulado foi a água como algo que “está em todo o lado”, que “molda tudo” e que sem ela a vida não seria possível, lembrando que em 2030 se prevê que haja um défice de 40% de água em relação à procura.

Para esta edição vai ser proposta aos visitantes uma “plataforma transdisciplinar” de observação, pensamento, criatividade e aprendizagem, que atuará, em simultâneo nos “espetros visível e invisível, orgânico e efémero da água”, e que vai ser “hidratada” por seis propostas que servem para desenvolver o Porto Design Biennale.

“Bestas Prometeicas: Formas do humano”, “Realidade Mágica: Viver com o Des/conhecido”, “Corpos de água: Onde a água se torna comum, matéria vegetal, carne, mineral”, “Paisagens dinâmicas: Margens que dançam, fronteiras que não existem“, “Rios Voadores: Repensar as Fontes, usos e representações da água” e “Geologias afetivas: a história viva de uma receita” são as seis propostas base para desenvolver e apresentar estratégias que contribuam para “reparar e restaurar e pensar novas relações com o mundo”, lê-se no dossiê de imprensa entregue aos jornalistas.

“Essa plataforma tem como objetivo durante a bienal de convocar múltiplos saberes que vão refletir sobre estas outras dimensões da água, que vão muito além do entendimento da água como uma superfície líquida. A água é humidade, é vapor, é suor, é seiva, é sangue, é matéria vegetal, é matéria orgânica, é gelo, é neve, é chuva, é nuvem e nós vivemos rodeados de água”, declarou Fernando Brízio.

Na primeira proposta – “Bestas Prometeicas: formas de humano” – interessa pensar a água não apenas como um território disciplinar e uma profissão, mas como uma capacidade humana que permita conceber e pensar o habitat que habitamos, explica o curador.

Na proposta “Realidade Mágica”, a água é um elemento que não se atinge, por ela estar sempre em movimento, transformação, como explicou.

“Ela está sempre a mudar de estado e tem imensos comportamentos que contrariam as leis da física e o comportamento das outras substâncias”, disse o curador.

A terceira proposta chama-se “Corpos de água – onde a água se torna comum”, e é onde a água se torna matéria vegetal e orgânica. “Nós somos água”, “consumimos água” e a “água circula pelas geografias, mas também circula pelos corpos”, disse Fernando Brízio, relembrando que 70% do corpo humano é constituído por água, que depois é expelida de diversas formas como suor, lágrimas, etc., e que quando estamos a comer uma maçã também estamos a ingerir água.

Na proposta “Paisagens dinâmicas – margens que dançam, fronteiras que não existem”, serão abordadas as alterações climáticas e o facto de as marés estarem sempre a mudar e por isso nunca se sabe onde termina a água e começa a terra, levando à reflexão de pensar na mudança dos territórios, entre secas e inundações.

A proposta “Rios Voadores – Repensar as fontes, usos e representações” vai refletir sobre haver muitas outras dimensões da água para além do clássico ciclo da água e que pode ajudar a “criar uma literacia da água”, referiu Fernando Brízio, alertando para a previsão de, em 2030, haver já um défice de 40% de água em relação à procura.

Na proposta “Geologias afetivas: a história viva de uma receita” vai refletir-se sobre o sabor da água que é dado pelo sítio onde a água é armazenada.

“A água é um absorvente e absorve a identidade geológica desse território e essa geologia condiciona o sabor da água e daí as receitas não poderem ser reproduzidas”, referiu o curador, dando como exemplo que o sabor de uma sopa ou de uma cereja vai variar, por causa do sabor da água onde foi feita ou cresceu.

O comissário de exposições de arte e ‘design’, David Barro, assessor do programa de Diseño para la Innovación y la Sostentabilidad, e o curador galego para a Porto Design Biennale, presente na conferência de imprensa, revelou estar muito feliz com o convite da Porto Design Biennale para trabalharem em estratégias conjuntas para desenvolver o ‘design’, recordando a relação de Portugal e Galiza que existe através da água, e afirmando o objetivo de dar a conhecer estratégias comuns.

A abertura das candidaturas para participar no evento de ‘design’ começam hoje e o fecho das candidaturas termina no dia 26 de junho, com a comunicação dos resultados no dia 25 de julho e a assinatura dos contratos a 9 de agosto.

A 3.ª edição da Porto Design Biennale arranca a 10 de outubro e prolonga-se até 3 de dezembro 2023.

O evento tem o apoio das câmaras do Porto e de Matosinhos, municípios onde vão estar localizados os espaços expositivos.





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