Portugal junta-se a outros 11 Estados-membros para defender proteção dos lobos na Europa



Os ministros da área do Ambiente de 12 Estados-membros da União Europeia enviaram esta semana uma carta à Comissão Europeia a pedir que se mantenha o estatuto de proteção do lobo (Canis lupus) na Europa.

Na missiva, dirigida ao comissário europeu do Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevicius, os governantes, liderados pelo ministro eslovaco Ján Budaj, consideram que “seria um erro enfraquecer a proteção legal do lobo”, uma espécie que, por exemplo, atua como “barreira natural” contra várias doenças e como controlo natural de populações de animais selvagens.

Além da Eslováquia, fazem parte do grupo Portugal, a Bulgária, o Chipre, a Grécia, a Irlanda, o Luxemburgo, a Alemanha, a Áustria, a Roménia, a Eslovénia e a Espanha.

O apelo feito a Bruxelas surge depois de o Parlamento Europeu, a 24 de novembro passado, ter adotado uma resolução na qual defende a “mitigação do estatuto de proteção” do lobo, argumentando que o seu estatuto de conservação a nível europeu “justifica” essa redução do nível de proteção legal.

Nessa mesma resolução, é dito que “a população de lobos [na Europa] tem o potencial para aumentar exponencialmente em aproximadamente 30% todos os anos” e que “o impacto negativo dos ataques a gado devido ao crescimento da população de lobos está a aumentar”, apontando o exemplo da Áustria, em que o número de ataques desses carnívoros a animais de pecuária aumentou 230% em 2021. Relativamente a 2020, estima-se que tenham ocorrido mais de 11 mil ataques de lobos a gado em França e quase quatro mil na Alemanha.

No entanto, o ministro do Ambiente da Eslováquia, em nome dos restantes 11 Estados-membros, insta a Comissão Europeia a manter “o status quo de proteção dos lobos” e que não reaja “a incidentes aleatórios”.

“Acredito firmemente que a Comissão Europeia manterá a abordagem profissional e responsável à proteção de espécies raras que tem tido até agora”, declarou Ján Budaj, em comunicado, defendendo que o caminho certo não é desproteger o lobo, mas sim implementar “ferramentas que permitam compensar os danos causados ​​aos animais de produção na Eslováquia e em outros países da UE”.

De acordo com dados da Comissão Europeia, os lobos são a segunda espécie de grandes carnívoros mais abundante na Europa, atrás dos ursos-pardos (Ursus arctos), com uma população que se estima entre os 13 mil e os 14 mil indivíduos na União Europeia (cerca de 17 mil no total da Europa).

O lobo-ibérico (Canis lupus signatus) é uma subespécie do Canis lupus e em 1988 foi-lhe atribuída proteção legal em Portugal, com o estatuto de espécie protegida, que proíbe “o seu abate ou captura em todo o território nacional, em qualquer altura do ano”, exceto “para a proteção da flora e da fauna”, de acordo com o Artigo 9 da Convenção de Berna para a Conservação da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais da Europa, que data de 1979.





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