Potência das eólicas ‘offshore’ transferida para complexo a 38 kms da costa da AMP
A potência das eólicas ‘offshore’ que poderiam vir a ser implementadas a três quilómetros da costa da Área Metropolitana do Porto (AMP) será transferida para um complexo a 38 quilómetros da costa, que será alargado, foi hoje confirmado.
A informação foi dada pelo vice-presidente da Câmara de Matosinhos, Carlos Mouta, na reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CmP), órgão onde têm assento os 17 autarcas da Área Metropolitana do Porto.
O responsável já tinha adiantado, segundo o Jornal de Notícias, que as éolicas projetadas para ficar a três quilómetros da costa seriam abandonadas, confirmando-se hoje que o cerca de 1 Gigawatt (GW) de potência prevista será transferida para o complexo já previsto a 38 quilómetros.
De acordo com um ‘slide’ hoje apresentado por Carlos Mouta, “a nova área de Leixões [mais distante] aumentou cerca de 39%, passando de 463 quilómetros quadrados para 644 quilómetros quadrados”, tendo também sido “afastada da linha de costa, de forma a minimizar os conflitos com a pesca local”.
Já quanto à área mais próxima, designada de Matosinhos (apesar de incluir também a costa do Porto, Vila Nova de Gaia e Espinho) “foi eliminada”, já que “foi unanimemente apontada pelo setor da pesca como inaceitável e inegociável a sua discussão”.
“Acho que foi uma evolução positiva, eliminando, nomeadamente, o impacto visual desta estrutura, mas também todas as questões que estão ainda em estudo: impacto sonoro, quer nos humanos quer na vida marinha”, disse o autarca de Matosinhos.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião de hoje, o presidente do CmP, Eduardo Vítor Rodrigues, disse que a “alteração radical do zonamento que estava a pouco mais de três quilómetros da costa” é uma “consequência muito importante”.
“No que diz respeito à pesca, só há um efeito, que é na pesca de arrasto. Depois, globalmente, não há grandes consequências”, disse ainda, mas considerou que seria positivo que o complexo “pudesse ser um bocadinho mais” afastado, como acontece noutros países europeus, mas “não o é por razões técnicas e geomorfológicas”.
Os municípios de Espinho, Vila Nova de Gaia, Porto, Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim e associações das pescas querem obrigar à emissão de um “parecer favorável unânime” sobre a instalação de eólicas na sua costa, segundo uma pronúncia conjunta a que a Lusa teve acesso na quinta-feira.
O texto é assinado pelos seis municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP) afetados pelo projeto e pelas associações de pesca locais Pró-Peixe, Associação de Armadores de Pesca do Norte, Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar e Apropesca.
Em causa está o relatório de uma proposta preliminar do Grupo de Trabalho para o planeamento e operacionalização de centros eletroprodutores baseados em fontes renováveis de origem ou localização oceânica, que esteve em consulta pública entre 30 de janeiro e 10 de março.
Este projeto para a criação de um parque eólico ‘offshore’ em Portugal, com 10 GW de potência, delimitou, como possíveis áreas de exploração de energias renováveis, Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines.
Na AMP, além de eólicas localizadas a cerca de 38 quilómetros da costa, estava identificada a possibilidade de instalação de uma plataforma de 180 quilómetros quadrados a três quilómetros da costa.
A 30 de maio, a secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, disse que o leilão eólico ‘offshore’ vai ser lançado até ao final deste ano, devendo o vencedor ser conhecido em 2024.