Presidente da Câmara de Guimarães “espia” benefícios de centro sem carros em Pontevedra
O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, visitou na semana passada a cidade espanhola de Pontevedra, premiada este ano pela ONU no âmbito da transformação efectuada na sua mobilidade urbana nos últimos anos, período durante o qual a cidade foi sendo adaptada com o objectivo de eliminar o trânsito automóvel no seu centro histórico
Acompanhado pelo vice-presidente e por uma delegação da Unidade Operacional “Mobilidade e Transporte Local”, da Estrutura de Missão da Candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia 2020, o autarca percebeu como a reforma citadina permitiu melhorar a qualidade da vida urbana, ampliou o espaço público para a vida social, tornou o nível de acessibilidade universal e aumentou a segurança viária.
“Com este modelo social inclusivo verifica-se uma devolução do espaço público para as pessoas e o cidadão passa a ser o centro da acção municipal”, considerou Domingos Bragança, durante uma conferência de imprensa realizada na sede do município espanhol.
“Este novo modelo de cidade elimina barreiras, promove a mobilidade e permite um equilíbrio no uso do espaço”, acrescentou o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, cuja opinião foi partilhada pelo Alcalde Miguel Lores. “Ao longo dos anos, esta reabilitação serviu, também, para reestruturar todos os serviços, levando as pessoas para o centro da cidade”, disse o autarca espanhol, citado pelo Correio do Minho.
Inicialmente, o processo gerou alguma controvérsia, garantiu Miguel Lores, mas hoje os 83.500 habitantes reconhecem o sucesso da medida.
“Houve uma coordenação de esforços e uma participação social por parte da população. Nesta rua estreita, por exemplo, passavam 14.000 veículos por dia. Hoje, não passa nenhum. Esta ausência de carros estimula a economia local e a realização de actividades desportivas todos os fins-de-semana”, descreveu Miguel Lores. Outra das decisões tomadas foi a restrição da velocidade para os 30 quilómetros em toda a cidade e rede viária sob a alçada do município.
A medida, acompanhada pela limitação do uso das vias públicas, gerou a ordenação do tráfego e dos espaços públicos e a emissão anual de dióxido de carbono (CO2), por habitante, foi reduzida para meia tonelada. Actualmente, a população de Pontevedra tem sido a única a crescer na província galega, como consequência da qualidade de vida que a cidade gera precisamente com a devolução do espaço público aos cidadãos.
Foto: Gabriel González / Creative Commons