Presidente da COP28 quer estabelecer pontes entre a indústria e ambientalistas



O presidente da Cimeira do Clima de 2023 (COP28) afirmou hoje que a reunião que decorrerá nos Emirados Árabes Unidos será uma oportunidade para envolver a indústria energética numa revolução tecnológica, mas também para estabelecer pontes com os ambientalistas.

“Combatam as alterações climáticas, não combatam uns contra os outros”, afirmou Sultan Ahmed al-Jaber, ministro da Indústria dos Emirados Árabes Unidos (EAU) e também presidente da gigante petrolífera ADNOC (Abu Dhabi National Oil Company), cuja indicação em janeiro passado para presidir à cimeira suscitou as críticas de ativistas ambientais.

Numa intervenção numa cimeira no Dubai, o representante apresentou os vários aspetos da presidência da COP28, afirmando que quer estabelecer “pontes” entre as empresas petrolíferas e os ambientalistas.

Os ativistas têm criticado a influência das indústrias de energia nas políticas que pretendem limitar as emissões de carbono.

“Precisamos de corrigir o nosso rumo”, disse Sultan Ahmed al-Jaber, mas deixando vários pontos em aberto.

Para o representante, o encontro e as próximas negociações climáticas sob a égide das Nações Unidas são “uma oportunidade sem precedentes para envolver a indústria energética numa revolução tecnológica”.

“As estratégias que seguimos não devem deixar ninguém para trás. As políticas que adotamos devem ser ao mesmo tempo pró-crescimento e pró-clima”, acrescentou sem especificar.

Ahmed al-Jaber, 49 anos, é próximo do xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan dos Emirados Árabes Unidos e está envolvido nos investimentos em energias renováveis mas, ao mesmo tempo, dirige uma companhia petrolífera que extrai cerca de quatro milhões de barris de crude por dia, esperando, em breve, aumentar a produção.

Os ambientalistas criticam a nomeação de Sultan Ahmed al-Jaber, afirmando que “é a mesma coisa que pôr um negociante de armas a negociar um processo de paz”.

Apesar das críticas dos ambientalistas, a nomeação foi apoiada pelo enviado dos Estados Unidos para as questões do clima, John Kerry, e pelo Governo francês.

“Há momentos na História em que a Humanidade se junta para combater ameaças comuns. Vamos provar a nós próprios que podemos voltar a fazê-lo”, disse Sultan Ahmed al-Jaber.

Na intervenção de hoje, Sultan Ahmed al-Jaber voltou a repetir os tópicos de um discurso que proferiu na altura da sua nomeação, incluindo as posições sobre a “importância do investimento num fundo capaz de fazer diminuir as perdas e dos danos operacionais”.

A criação de um fundo foi acordada em 2022 nas conversações da COP27, em Sharm el-Sheikh, Egito, mas sem especificar a forma de o constituir.

No discurso de hoje, Sultan Ahmed al-Jaber não explicou o processo de obtenção de capital para a constituição deste novo fundo.

Na intervenção, o representante apelou à comunidade internacional para que sejam triplicadas as capacidades relativas às energias renováveis, bem como defendeu a expansão da energia nuclear, o melhoramento no armazenamento de baterias e o fornecimento de tecnologia para a redução de carbono.

Sultan Ahmed al-Jaber aproveitou para destacar o facto dos EAU, país membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), acolherem as conversações sobre o clima.

“Nós, nos Emirados Árabes Unidos, não fugimos das energias de transição. Estamos no caminho das energias de transição”, afirmou.

A COP28 vai realizar-se no Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...