Quatro em cada cinco cidades enfrentam riscos climáticos extremos



Quatro em cada cinco cidades enfrentam riscos climáticos extremos, como ondas de calor e inundações, indica uma análise a quase mil cidades do mundo, 21 delas em Portugal, divulgada hoje.

Os dados referem ainda que 25% das cidades enfrentam perigos de alto risco, que se devem agravar nos próximos três anos, e que 28% das cidades dizem que os riscos climáticos ameaçam a grande maioria, 70%, da sua população.

A análise, da responsabilidade do CDP, uma organização sem fins lucrativos que gere o sistema mundial de divulgação ambiental para empresas, cidades, estados e regiões, conclui que em termos globais as cidades enfrentam hoje grandes impactos climáticos, que ameaçam a maioria das suas populações.

Mas no documento, “Proteger as Pessoas e o Planeta”, nota-se também que se as cidades tomarem medidas em relação ao clima centradas nas pessoas verão sete vezes mais benefícios em áreas como a saúde pública, a criação de emprego, a inclusão social e a biodiversidade, além da redução de emissões.

As ações centradas nas pessoas examinam e consideram as necessidades das pessoas como parte central de todo o processo da luta contra as alterações climáticas. São identificadas as populações mais vulneráveis, avaliadas e debatidas as experiências e necessidades das diferentes comunidades e os seus riscos climáticos.

Esse trabalho, diz a organização no documento, torna as cidades um local mais atrativo para se viver, trabalhar e investir.

De acordo com o relatório, 85% das cidades que dizem ter centrado as ações nas pessoas relataram benefícios sociais e de saúde pública, desde a qualidade do ar a segurança alimentar ou proteção de pessoas vulneráveis.

O relatório “mostra que as cidades têm cinco vezes mais probabilidade de ver a criação de emprego como um cobenefício das suas ações climáticas se se concentrarem nas pessoas”, diz o CDP num comunicado sobre o relatório.

Além disso, acrescenta, 75% das cidades relatam benefícios ambientais mais amplos, como mais espaços verdes e melhor qualidade da água e do solo.

“Este relatório mostra que a ação climática que coloca as pessoas em primeiro lugar melhora as vidas. Liberta benefícios sociais, económicos e ambientais, melhora a inclusão, e apoia uma transição justa para uma economia de baixo carbono. As cidades que identificam, envolvem e compreendem os grupos vulneráveis veem os benefícios claros e criam um futuro sustentável para as pessoas e para o planeta”, diz, citada no comunicado, Maia Kutner, responsável da área das Cidades, Estados e Regiões no CDP.

Maia Kutner salienta que a Europa está a enfrentar a pior seca desde há 500 anos e o Paquistão teve as inundações mais mortíferas da história.

Relativamente às frases que se ouvem todos os dias, como “sem precedentes”, “pior de sempre”, ou “pela primeira vez na história” não transmitem nada “o impacto espantoso que o aumento das temperaturas tem sobre o planeta e a sua população”, refere.

O relatório mostra que 63% das cidades estão a tomar pelo menos uma ação climática centrada nas pessoas. Quase metade (45%) envolve a sociedade civil no seu planeamento da ação climática, e quase dois quintos (39%) considera as populações vulneráveis na sua avaliação dos riscos e vulnerabilidades climáticas.

O CDP foi criado em 2000 e trabalha com mais de 680 instituições financeiras.

Mais de 14.000 organizações em todo o mundo divulgaram dados através do CDP em 2021, incluindo mais de 13.000 empresas com mais de 64% da capitalização do mercado global, e mais de 1.200 cidades, estados e regiões.





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