Quer ter uma horta em casa mas não sabe por onde começar? Leia este artigo.



Nos últimos meses, os artigos sobre as hortas urbanas e domésticas espalharam-se pelos jornais, pelos sites e portais e até o Green Savers já publicou dezenas de artigos sobre o assunto. Porém, chega uma altura em que qualquer inexperiente na matéria faz a pergunta: e por onde começo?

Neste artigo, vamos ajudá-lo a responder a todas estas perguntas da forma mais fácil: através de um caso prático.

A nossa “cobaia”, chamemos-lhe assim, é Pedro Alves, um ilustrador freelance de 36 anos. Pedro, que vive em Almada, possui as três características mais encontradas nos fãs das hortas domésticas: vive numa zona urbana e, por isso, só tem a sua varanda como espaço disponível para a agricultura; nenhum dinheiro para investir e, para além disso, pouquíssimo tempo.

“O meu interesse na agricultura surgiu por arrasto. Eu acampo muito e tenho por máxima que quanto mais levamos na cabeça, menos levamos na mochila, e por isso já andava a estudar plantas e cogumelos comestíveis”, começou por dizer Pedro, em entrevista ao Green Savers.

Um dia, um amigo aconselhou-o a “ter algumas em casa, a conviver com elas” para melhor as identifiar. “Arranjei uns vasos velhos, um saco de terra de um baldio aqui ao lado e plantei umas urtigas e umas malvas. Como estavam a dar semente e não tinha muita fé que pegassem de transplante, coloquei [também] algumas sementes do que tinha à mão (ou melhor, no lixo): copos de iogurte e latas vazias”, revela Pedro Alves.

O agora auto-didacta começou então a guardar sementes que, sabia, seriam fáceis de germinar, como pepinos ou pimentos. “Daí até as coisas começarem a crescer e a começar a ter necessidade de contentores maiores foi um pulo. Comecei a fazer vasos com pacotes de leite”, explica.

Com o crescimento das sementes, aumentou também o seu interesse no assunto. “Foi quando descobri a hidroponia e as darthboxes. Com um olhar mais atento fui descobrindo coisas que as pessoas deitam fora e que me davam jeito para contentores, como os garrafões de 30L que as piscinas deitam fora às dezenas por mês, as caixas de esferovite do peixe do Pingo Doce, que também vão para o lixo (são boas isolantes e já têm drenagem, porreiríssimas)”, continuou Pedro Alves. Mais tarde, descobriu a windowfarms, que “já tem uma comunidade grande de malta com sistemas reciclados. E fui montando coisas”.

Hoje, a agricultura doméstica – em sistema de permacultura e com recurso a materiais reciclados, sobretudo hidroponia e earthboxes – é mais que um hobby, é um projecto pessoal. Pedro explica que optou por sistemas verticais e consociações para colmatar a falta de recursos, e recorreu à internet para tirar dúvidas.

Pedro já divulgou o projecto junto de alunos de mestrado da Escola Superior de Saúde Pública, que pretendiam implementar um projecto semelhante para o trabalho de mestrado numa zona carenciada de Lisboa, e tem também dinamizado workshops de construção de jardins domésticos com material reciclado.

Durante esta semana iremos colocar, no nosso Facebook, algumas das fotos do projecto pessoal de Pedro Alves (para além da que ilustra este artigo). Fiquem atentos em www.facebook.com/greensavers.

Quais as principais dificuldades que encontrou para desenvolver este projecto pessoal?

A principal dificuldade tem a ver com as pragas e os gatos, que gostam de couves e sestas em cima das aromáticas. Estou a usar apenas meios caseiros, e são coisas que comemos, por isso tenho algum cuidado. Já venci uma praga de afídeos e uma de aranhas vermelhas (red spider mites), estou neste momento a braços com uma infestação de moscas brancas.

Onde encontrou as repostas às perguntas que foi tendo, ao longo do tempo, para este projecto?

Grande parte das minhas dúvidas tiro-as da internet, seja em pesquisa, fóruns, videos e livros online. Quando comecei a partilhar estas técnicas em workshops também tive muita gente que me foi dando ideias, pois olhava para as coisas de maneira diferente ou tinha outra experiência.

Qual o próximo passo? O pretende aprender – e desenvolver – a curto e médio prazo?

O próximo passo será a gestão da água da chuva, que já estou a gastar demasiada agua da rede. Pelas minhas contas, irei gastar uns 200L de agua por mês, pelo que estou a pensar e maneiras de armazenar 400L de agua que escorre pelas caleiras da minha casa de cada vez que chove.

Como podem os cidadãos que estão na sua situação – com falta de recursos – investir um pouco do seu tempo na agricultura doméstica e serem bem sucedidos?

Aprendam. Leiam, partilhem, mas principalmente façam. Assim que pomos algum esforço em algo a necessidade de contornar dificuldades é maior, pois já se criou uma relação afectiva com a coisa. E à medida que se contornam dificuldades, as plantas crescem sozinhas, o que é uma coisa porreira da parte delas. Eu comecei por uns vasos, e agarrei-me à ideia de que não ia gastar dinheiro. O resto é um processo em curso.





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