Quercus alerta para centenas de carvalhos com folhas secas em Portalegre
A associação ambientalista Quercus alertou ontem para a existência de centenas de carvalhos-negrais com as folhas secas em vários concelhos de Portalegre e apelou para que se investiguem as causas do fenómeno “nada comum” em pleno verão.
Em comunicado, o Núcleo Regional de Portalegre da Quercus indicou ter registado, nas últimas semanas, “centenas de carvalhos-negrais com as folhas secas” em vários concelhos do Alto Alentejo e no Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM).
“As árvores apresentam tonalidades amareladas, nada comuns em pleno verão, e as folhas caem muito antes do tempo, desnudando os ramos. É ainda mais preocupante por este fenómeno se verificar pelo terceiro ano consecutivo”, referiu.
Segundo a Quercus, Crato, Nisa, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre são alguns dos concelhos desta região alentejana onde foram observados carvalhos-negrais (quercus pyrenaica) com as folhas secas.
A associação ambientalista adiantou que já questionou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre se já foram investigadas as causas da seca das folhas das árvores, salientando que “ainda está a aguardar resposta”.
“No ano passado, verificou-se um fenómeno semelhante durante o mês de julho e, em 2021, durante o mês de agosto. O assunto foi exposto pela Quercus em várias reuniões da Comissão de Cogestão do PNSSM, sem que se tivesse obtido qualquer resposta”, realçou.
Lamentando a falta de respostas do ICNF, em 2021 e 2022, a Quercus de Portalegre considerou que “seria importante que se investigasse se existe alguma praga ou doença que afete a vitalidade dos carvalhos”.
“O fenómeno pode estar associado à seca e ao calor intenso que se faz sentir. A Quercus apela a que se faça uma investigação rigorosa, pois receia que os ecossistemas do Alto Alentejo possam estar em perigo”, sublinhou.
A Serra de São Mamede, assinalou a associação, “representa praticamente o limite sul da distribuição desta espécie em Portugal, constituindo uma ‘ilha ecológica’, rodeada pela planície alentejana, de influência mediterrânica, mais seca”.
A Quercus pediu ainda que se tomem medidas para conservar esta espécie, vincando que “não tem proteção legal fora dos habitats das zonas especiais de conservação da Rede Natura 2000, da Diretiva Habitats, da União Europeia”.
“É urgente a sua proteção pelo alto valor conservacionista que esta espécie apresenta. Também é importante que seja plantada nas matas do Estado e terrenos privados, apoiando as ações que contribuem para a conservação e regeneração dos ecossistemas”, acrescentou.