Reacções ao estudo da Visão sobre alimentos biológicos



A revista Visão publicou hoje “o maior estudo independente feito em Portugal sobre alimentos biológicos”, estudo esse que foi encomendado à Labiagro, laboratório químico e microbiológico de controlo de qualidade e segurança alimentar. E todos os produtos foram adquiridos “em sete lojas e secções especializadas de estabelecimentos comerciais, de várias marcas. Embalados ou a granel, estavam certificados como biológicos, com o selo respectivo. Não foram adquiridos produtos em mercados biológicos, directamente a produtores ou vendedores de rua”, refere também a revista. As conclusões foram assustadoras:

Em 21 dos 113 alimentos bio analisados, foram detectados pesticidas. Um dos produtos apresentava mesmo valores 12 vezes superior ao máximo permitido por lei para alimentos de agricultura convencional. E noutro foi detectada a presença de sete químicos diferentes. Vários, aliás, continham mais do que um químico.

Nem todos os alimentos analisados provinham do nosso país, mas o artigo da Visão é devastador para a agricultura biológica que, em Portugal, conta já com mais de 3000 produtores e ascende aos 22 milhões de euros, mas será tão saudável assim?

Instada a comentar o estudo, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (a famosa ASAE) diz “estar tranquila com o mercado de biológicos, mas que terá em conta o estudo da VISÃO”.O inspector-geral, Pedro Gaspar, disse à agência Lusa que a instituição faz regularmente despistes a pesticidas em produtos comercializados, mas não especificamente aos biológicos. Ainda assim, em dois anos realizaram 600 amostras, 125 das quais eram biológicas, onde foi encontrado apenas um caso de presença de um pesticida não autorizado. Refere ainda que existiram também fiscalizações específicas, coordenadas com o Ministério da Agricultura, e que nos dois anos anteriores as 300 intervenções realizadas deram origem a 35 processos, mas todos por questões de higiene ou rotulagem. E isso, como refere Pedro Gaspar, apontava “para um sector com alguma tranquilidade”.

Já a Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio) defende, pela voz do seu presidente, Jaime Ferreira, que esta questão “tem de ser colocada às autoridades competentes e elas têm de responsabilizar quem foi responsável por colocar esses produtos no mercado”. Embora manifeste também alguma precaução relativamente aos resultados, pedindo para que estes sejam “verificados por outras instâncias”, ou abrindo mesmo a hipótese da presença destes pesticidas poder ter ocorrido por “contaminação”, “deliberada ou por negligência”.

De qualquer forma, e face à gravidade dos indicadores, a Agrobio revela também estarmos perante “um problema de saúde pública que é obrigatório ser investigado”. Até para nós, consumidores, sabermos se andamos a ser enganados. Ou não. 

Foto: Creative Commons





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