Recuperar as populações de baleias ajuda a combater as alterações climáticas



As baleias podem ser grandes aliadas no combate às alterações climáticas e no aumento da produtividade dos oceanos, sugere um novo estudo, publicado na revista científica Nature.

Os cientistas descobriram que as baleias de barbatana, ou seja de espécies como a baleia-comum, a baleia-azul e a baleia-jubarte, comem três vezes mais por ano, do que se pensava. Esta alimentação varia consoante o ecossistema. mas as baleias destas espécies que vivem nas águas da Califórnia comem, cada uma, mais de 2 milhões de toneladas de alimentos anualmente.

Mas a caça baleeira no século XX levou a uma perda em massa das populações de baleias em todo o mundo. À época, estima-se que as populações de baleias do Oceano Antártico consumiam, anualmente, 430 milhões de toneladas de krill antártico, o dobro da quantidade que se estima que existe hoje.

Ao se alimentarem, as baleias acabam por defecar e os seus excrementos são uma fonte essencial de nutrientes para o oceano. Ao serem libertados, estes nutrientes ficam à superfície na coluna da água, onde alimentam o fitoplâncton que, por sua vez, são a base da cadeia alimentar aquática e absorvem carbono.

“Sem as baleias, estes nutrientes afundam mais rapidamente no fundo do mar, o que pode limitar a produtividade em certas partes do oceano e  limitar a capacidade dos ecossistemas oceânicos de absorver o dióxido de carbono que aquece o planeta”, explicam os autores.

Os excrementos das baleias são também uma fonte de ferro: no Oceano Antártico, as baleias reciclam cerca de 1.200 toneladas métricas de ferro por ano. Este número, no início do século XX, ascendia às 12 mil toneladas métricas de ferro, uma quantidade dez vezes superior.

Assim, os especialistas sugerem recuperar o número de baleias que existiam antes da caça, a fim de aumentar a produtividade marinha em 11% no Oceano Antártico, e de reduzir cerca de 215 milhões de toneladas métricas de carbono. Para Nicholas Pyenson, curador de fósseis de mamíferos marinhos do Museu Nacional de História Natural de Smithsonian e autor do estudo, trata-se de uma “solução climática natural”, e que equivale à “contribuição dos ecossistemas florestais de alguns continentes”.

“Os nossos resultados dizem que se restaurarmos as populações de baleias aos níveis anteriores à caça das baleias, vistos no início do século 20, restauraremos uma grande quantidade de funções perdidas nos ecossistemas oceânicos”, explica Nicholas Pyenson, sublinhando que esta é “a mais clara leitura até agora sobre o enorme papel das baleias grandes no nosso planeta.”





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