Relíquias tóxicas: Destruição de minas da II Guerra Mundial está a contaminar os oceanos
Foi há quase 80 anos que se deu por terminada a II Guerra Mundial, mas ainda hoje vestígios desse grande conflito permanecem, não só em terra, mas também escondidos nas profundezas dos mares.
Por exemplo, estimativas apontam para 385 toneladas de munições por explodir deitadas ao Mar Báltico no dealbar do período pós-guerra, e continuam a representar um grande perigo. Não só porque podem explodir e causar danos físicos aos habitats e ecossistemas e até atingir embarcações nas suas proximidades, mas também porque libertam, lenta mas certamente, substâncias tóxicas nas águas marinhas, afetando todas as formas de vida que nelas habitam, como algas, peixes e invertebrados.
De acordo com uma equipa de investigadores da Alemanha e Dinamarca, que assinam um estudo publicado na revista ‘Environmental Science & Technology’, da Sociedade Americana de Químicos (ACS), as cápsulas metálicas das minas podem ser corroídas pela água salgada, libertando “componentes explosivos potencialmente tóxicos”, como o TNT, para o ambiente marinho.
Habitualmente, explosões controladas dessas minas têm sido feitas para desativar os engenhos, mas agora os cientistas debatem uma outra questão: as explosões devem ser mais fortes ou mais fracas? Isto, porque, segundo estes investigadores, explosões mais fracas libertam mais substâncias tóxicas para a água, embora causem menos danos físicos.
Através da recolha de sedimentos marinhos nas imediações de minas por explodir ao largo da costa da Dinamarca, percebeu-se, ainda que sem grande surpresa, que os níveis de contaminação eram mais elevados junto a minas que apresentavam um grau elevado de corrosão.
Faltava avaliar qual dos tipos de explosões controladas, se as mais fracas ou as mais fortes, tinham o maior potencial para contaminação. Ao analisarem os sedimentos antes e depois da explosão, os investigadores verificaram que o nível de contaminação era cerca de 100 milhões de vezes maior depois de uma explosão mais fraca do que antes. Sobre as explosões mais fortes, a contaminação era 250 vezes superior à que fora medida antes do rebentamento da mina.
Além disso, a concentração de TNT na água ao redor da mina era maior depois de uma explosão mais fraca.
Tendo em conta que independentemente da intensidade das explosões controladas os níveis de contaminação dos habitats marinhos são bastante elevados, os autores deste artigo sugerem que devem ser equacionados “métodos menos invasivos” para desativar as relíquias deixadas no mar pela II Guerra Mundial.
Entre eles, “técnicas robóticas para abrir e remover os conteúdos explosivos de minas abandonadas, para evitar explosões e contaminação indesejadas”, dizem em comunicado. Dessa forma, será possível, argumentam, “recuperar munições submersas da II Guerra Mundial de uma forma amiga do ambiente”.