Restam menos de 150 linces adultos em França. E já se fala em risco de extinção



Estima-se que existam hoje entre 120 e 150 linces-euroasiáticos (Lynx lynx) adultos em França, o que leva os investigadores a alertarem que a espécie, a maior do género, poderá mesmo colapsar na Europa se não forem implementadas imediatamente medidas para protegê-la da extinção.

No século XVIII, o lince-euroasiático, que antes se estendia por toda a região da Eurásia, desapareceu por completo do território francês. Mas na década de 1970 voltou a aparecer, com linces vindos da Suíça, que promovia programas de reintrodução da espécie, e foram criados núcleos na região francesa da cordilheira de Jura, que se estende ao longo da fronteira franco-suíça.

Contudo, a dimensão da população não foi suficiente para alcançar a estabilidade e a pressão da perda de habitat, da caça, da endogamia e das mortes por atropelamento voltaram a colocar o lince-euroasiático em França em risco de extinção local.

Investigadores do Centre Athenas e da Antagene – Animal Genomicas Laboratory recolheram, entre 2008 e 2020, e analisaram 88 amostras genéticas de linces feridos, mortos ou órfãos, e perceberam que a população de linces-euroasiáticos apresentava uma alarmante reduzida diversidade genética.

Lince-euroasiático (Lynx lynx).

Embora a população possa chegar até aos 150 indivíduos, os cientistas dizem que o nível de diversidade equivale a uma população de apenas 38 animais.

É por isso que os autores do artigo publicado na ‘Frontiers in Conservation Science’ escrevem que sem medidas de conservação “para assegurar a proteção da espécie e sem uma maior conectividade entre populações, uma população isolada [como a das montanhas Jura] está votada à extinção”. E isso pode acontecer no espaço de 30 anos, alertam, indicando que “a translocação e a reintrodução são importantes medidas para reforçar populações e são fortemente recomendadas”.

“O tempo está a esgotar-se”, avisam o cientistas, e sem a introdução de “novo material genético”, a população de linces-euroasiáticos em França tem os dias contados.

Ainda assim, lamentam que “nos atuais contextos socioeconómico e político, estas ações quase não são debatidas e são difíceis de concretizar” e instam as autoridades responsáveis pela conservação da Natureza a investirem em programas de intercâmbio internacional de linces, a combaterem a caça furtiva e a desenvolverem medidas que permitam reduzir as mortes por atropelamento, um dos maiores fatores que está a pôr em risco a sobrevivência desta espécie ameaçada.





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