Rio+20: “Crise do Euro? As alterações climáticas são uma crise económica, social e laboral”
As alterações climáticas são bastante relevantes para a crise do euro e, se perdermos esta luta, estaremos em crise durante muitos, muitos anos. Uma crise “económica, social e laboral”, de acordo com Connie Hedegaard, a cara europeia para as alterações climáticas (e comissária europeia para as acções climáticas).
Entrevistada pelo The Guardian, a especialista avisou que o nosso modelo de crescimento, baseado no excesso de consumo, tem de mudar. “No século XXI teremos de ter um modelo de crescimento um pouco mais inteligente, caso contrário não sei como poderemos alimentar sete mil milhões de pessoas – ou nove mil milhões em 2050”, explicou Hedegaard.
A especialista dinamarquesa reiterou que a cimeira Rio+20 será importantíssima na mudança do actual modelo de crescimento económico – e que julgar este crescimento unicamente na base da produção e consumo, como agora acontece, encoraja o excesso de consumo, impossível de manter –, mas o desafio poderá não ser correspondido
“Há uma oportunidade de repensar [a forma como medimos o crescimento]. O conhecimento existe e as análises já foram feitas. Podemos levar esta decisão para o Rio, [mas existe também o risco de a cimeira ser um falhanço]”, continuou Hedegaard.
A responsável foi uma das signatárias de um relatório, publicado na semana passada pelo painel de alto nível para a sustentabilidade – e que será incluído na estratégia do Rio+20 –, que sugeria que a ONU deveria colocar os indicadores de desenvolvimento sustentável no actual modelo de crescimento económico, para assegurar que este não seja feito à custa do ambiente.
“Os recursos sempre foram baratos, mas parece que estamos a caminhar para um período em que estes estão a ficar cada vez mais caros. O preço do petróleo está a subir, assim como o de outras commodities. Os preços estão a subir e precisamos de lidar com isto”, concluiu a responsável.