Saguis comunicam à vez para não se interromperem
Um novo estudo avança que os saguis revezam-se para “falar” e podem manter uma conversa durante até meia hora. Eles não se interrompem uns aos outros e são tão educados para indivíduos estranhos como para os macacos com quem normalmente vivem.
Os investigadores norte-americanos puseram pares de saguis numa sala e gravaram as suas conversas. Ficou provado que os animais claramente comunicaram à vez, com o segundo a esperar cerca de cinco segundos para responder, envolvendo-se assim a dupla em longas trocas discursivas.
“Ficámos surpresos com a forma confiável e cooperativa como os macacos sagui trocaram as suas vocalizações, principalmente porque na maioria dos casos eles estavam a fazer isso com indivíduos com quem não tinham ligação”, disse Asif Ghazanfar, da Universidade de Princeton. “Isto tona-se muito mais semelhante às conversas humanas e muito diferente das conversas coordenadas de pássaros, sapos e grilos, que estão ligadas ao acasalamento ou à defesa territorial.”
A investigação mostrou que até mesmo indivíduos estranhos entre si se envolvem em conversas de até 30 minutos. Esta característica também diferencia os saguis dos chimpanzés e outros grandes macacos que, para além de não se revezarem quando vocalizam, também não vocalizam muito de forma geral.
“Por outras palavras, eles seguem um conjunto de regras tácitas de conversa educada”, acrescentou um porta-voz dos investigadores.
Segundo Ghazanfar, ter um cérebro grande não é um pré-requisito para a realização de uma conversa. O investigador defende que os macacos podem encarar o padrão de conversação como relaxante, especialmente quando estão longe de outros membros do seu grupo.
A escuta activa também pode simplesmente tornar mais fácil ouvir o que é dito pelo outro, incluindo informações sobre a identidade do macaco.
Espera-se que um estudo mais aprofundado aos saguis lance alguma luz sobre doenças humanas, como o síndrome de Down ou o autismo, cujos pacientes têm dificuldade em manter uma conversa. “Estamos confiantes de que podemos esclarecer o que está errado em tais transtornos, investigando o desenvolvimento e a neurobiologia do comportamento do macaco sagui”, afirmou Ghazanfar.