São Francisco: uma baía em crescimento ameaçada pela falta de água
As pessoas adoram viver na Bay Area de São Francisco, nos Estados Unidos – tanto que a população da região deverá passar dos actuais 7 milhões para 9 milhões em 2040. Todas essas pessoas estão a migrar para a região para fazer parte de uma história de enorme sucesso económico.
O problema é que estas pessoas vão precisar de água – para beber ou tomar banho. Neste momento, a água existente é suficiente para suportar as necessidades. Mas, graças às mudanças climáticas, ao aumento dos níveis do mar e à probabilidade de grandes terramotos, a situação pode mudar muito rapidamente. O abastecimento de água que sustenta toda esta actividade pode ficar drasticamente reduzido, comprometido ou até mesmo interrompido.
De acordo com Laura Tam, directora de política sustentável da organização SPUR e uma das autoras do relatório Future-Proof Water, o planeamento para evitar a escassez de água no futuro tem que começar agora. Ela explica que as frágeis fontes de água na região estão ameaçadas em várias frentes.
Com o aumento do nível do mar, a maior fonte de água doce da região pode ficar infiltrada por água salgada. Ao mesmo tempo, espera-se que a camada de neve nas serras – outra fonte primária de água – derreta mais cedo e mais rapidamente à medida que os efeitos das mudanças climáticas aceleram.
As previsões também indicam que as secas intermitentes, que são uma realidade na Califórnia, se irão intensificar. “As mudanças climáticas vão afectar a frequência, quantidade e duração das secas”, disse Tam. Isto significa que num ano muito seco, haverá uma lacuna entre a água que se tem e a que se necessita.
E há ainda o risco de terramoto. Segundo o Serviço Geológico dos EUA, há 62% de probabilidade de um sismo de magnitude de 6.7 ou superior atingir a Bay Area nos próximos 30 anos. Uma vibração assim pode potencialmente provocar a ruptura de até 10 mil condutas de água na região. Ameaça também os diques, que fornecem água a 25 milhões de pessoas no estado da Califórnia – um grande fenómeno sísmico poderia interromper este fluxo por um período de até um ano e meio.
A sensibilização das fraquezas deste sistema é o objectivo do relatório da SPUR que apresenta uma série de recomendações concretas e relativamente simples para aumentar a resiliência das linhas de abastecimento. Um melhor armazenamento de água em “anos molhado” e uma maior reciclagem e reutilização da água são outras soluções.
Uma coisa é certa: com a população a crescer, a eficiência da utilização e reutilização de recursos terá também de aumentar.