Sea Shepherd e México assinam acordo para fortalecer conservação da vaquita



A organização conservacionista Sea Shepherd e o governo mexicano assinaram, esta terça-feira, um acordo para reforçar a conservação da vaquita (Phocoena sinus), a espécie de cetáceo mais ameaçada do mundo.

O objetivo é aumenta em mais de 60% a Área de Tolerância Zero, atualmente com 225 quilómetros quadrados, inserida no Refúgio da Vaquita, local reconhecido pela UNESCO pela sua importância para a preservação da biodiversidade e para a conservação dessa espécie em particular, situado no Golfo da Califórnia, no México, o único local onde ainda existem vaquitas.

O acordo, assinado pelo CEO da Sea Shepherd Pritam Singh, e pelo Secretário da Marinha mexicana, o Almirante José Rafael Ojeda Durán, irá alargar os limites da Área de Tolerância Zero para oeste e noroeste, locais onde, segundo o último levantamento, se registou “um número significativo de avistamentos de vaquitas”, lê-se na nota.

Embora na Área de Tolerância Zero a pesca seja estritamente proibida, algumas atividades de captura ilegal ainda persistem. No entanto, a Operação Milagro, liderada pela Sea Shepherd, tem conseguido dissuadir a pesca ilegal nessa zona, reduzindo-a em 79%.

A Sea Shepherd e a Marinha mexicana querem aumentar em 60% a extensão da Área de Tolerância Zero do Refúgio da Vaquita, no Golfo da Califórnia. Nessa área, a pesca é estritamente proibida, mas atividades ilegais ainda continuam a acontecer, apesar das patrulhas.
Foto: Sea Shepherd

Além da proteção desse boto, pretende-se também alargar os esforços de conservação ao totoaba (Totoaba macdonaldi), uma espécie de peixe de grandes dimensões que é muito procurado pelas suas bexigas natatórias, que são vendidas sobretudo nos mercados negros asiáticos. As redes usadas para capturar o totoaba têm sido apontadas como a principal causa de morte do pequeno boto na última década.

Estima-se que hoje existam apenas 10 vaquitas, e os esforços de conservação dessa espécie não são tarefa fácil, uma vez que, até ao momento, tentativas de reprodução em cativeiro não tiveram qualquer sucesso.

Em 2022, a Marinha mexicana deu início a um programa de combate a ‘redes fantasma’ no Golfo da Califórnia, lançando blocos de cimento sobre as artes abandonadas para afundá-las e, assim, atenuar a mortalidade das vaquitas.

No passado mês de agosto, a Comissão Baleeira Internacional (IWC) lançou o seu primeiro alerta de extinção de sempre, para enfatizar o perigo enfrentado pela vaquita, indicando como a maior ameaça a captura acidental em redes de emalhar.

“A extinção da vaquita é inevitável a menos que 100% das redes de emaranhar sejam substituídas imediatamente por artes de pesca alternativas que protejam a vaquita e os modos de subsistência dos pescadores”, escrevem os mais de 200 investigadores do comité científico da IWC que elaboraram o alerta.

“Se isso não acontecer agora, será demasiado tarde.”





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