Seca: Guarda prepara plano de ação para reduzir consumos de água em caso de necessidade
A Câmara da Guarda está a elaborar um plano de ação para reduzir os consumos de água, caso a seca volte a atingir o território como aconteceu em anos anteriores, disse hoje o presidente do município.
Segundo Sérgio Costa (Movimento Pela Guarda), neste momento, a barragem do Caldeirão, que abastece a cidade e grande parte do concelho, “está praticamente no máximo da sua cota”, mas a possibilidade de ocorrer escassez de água nos próximos meses é uma possibilidade que preocupa.
“Ainda não é o tempo para isso, porque ainda poderá vir a chover, temos sempre essa esperança, mas o município da Guarda já está a preparar um plano de ação para, se necessário for, fazermos a redução desses consumos [de água]”, disse.
O plano será apresentado publicamente “tão breve quanto possível”, logo que “esteja finalizado”.
Sérgio Costa adiantou que o documento contemplará “variadíssimas medidas”, mas “a principal vai ter de ser efetivamente [relacionada com] as reservas de água”, cujo estudo está a ser feito pelos seis municípios do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).
“Essa vai ter de ser uma das fortes medidas para que nós não tenhamos que andar sistematicamente, todos os anos, a rezar, permitam-me a expressão, para que não haja falta de água. Nós devemos rezar por muitas razões, mas nós bem podíamos poupar tudo isto, porque é por força da mão do homem que estas reservas não existem”, declarou.
Explicou que não existem reservas de água na região, sobretudo na área do PNSE, “porque as políticas, ao longo das últimas décadas, foram a de não construir mais barragens, erradamente”.
“Felizmente que neste momento nós já estamos a viver um novo paradigma em termos do pensamento técnico político para que se possam construir novas reservas de água na nossa região. É para isso que nós iremos lutar, também. E este estudo vai ditar claramente onde é que elas devem ser feitas”, admitiu.
Os seis municípios do PNSE (Guarda, Covilhã, Manteigas, Seia, Gouveia e Celorico da Beira) estão a elaborar um plano de avaliação dos recursos hídricos daquela área protegida para perceber o seu potencial, que deve ficar concluído nos próximos “três a quatro meses”, segundo o autarca da Guarda, que tem a liderança do projeto.
Os municípios estão a estudar um “recurso tão importante que é a água” relativamente ao abastecimento, regadios e aproveitamentos hidroelétricos, entre outros, no âmbito do Plano de Revitalização do PNSE, criado pelo Governo após o incêndio de agosto de 2022.
Sérgia Costa adiantou ainda à Lusa que, neste momento, não há qualquer problema com o abastecimento de água no território concelhio, mas o município, juntamente com a Agência Portuguesa do Ambiente, está a acompanhar “constantemente” a quantidade de armazenamento de água da barragem do Caldeirão.
“Neste momento, a barragem do Caldeirão está praticamente no máximo da sua cota. Mas também sabemos que a barragem do Caldeirão, numa noite de descarga, para abastecer as localidades a jusante, baixa drasticamente a sua cota. E por isso é que nós continuamos a defender que tem de ser feito o reforço do armazenamento de água, das reservas de água, na zona do PNSE”, concluiu.