Sensor desenvolvido por cientista portuguesa permite detectar bactérias perigosas de origem alimentar



Todos os anos milhões de pessoas são afectadas por doenças provocadas por bactérias de origem alimentar e algumas delas acabam mesmo por morrer. Uma das principais bactérias de origem alimentar que provoca estas mortes e doenças é a listéria, que dá origem à listeriose.

Contudo, investigadores da Universidade de Southampton, liderados pela portuguesa Salomé Gião, estão a testar um novo dispositivo que detecta a causa mais comum de listeriose, directamente, em superfícies onde os alimentos são preparados, sem necessidade de enviar amostras para serem testadas em laboratório.

A listeriose é causada pela bactéria Listera monocytogenes e afecta principalmente os recém-nascidos, os idosos, grávidas e doentes com imunodeficiência, embora seja uma doença rara. Os sintomas incluem febre, vómitos e diarreia. Se não for tratada, a bactéria pode espalhar-se pelo corpo e provocar doenças mais perigosas, como a meningite. Habitualmente a bactéria entra no organismo através de alimentos como o leite, queijo, peixe, carne e vegetais.

Porém, este novo sensor pode vir a evitar muitas complicações clínicas provocadas pela bactéria. O sensor está incorporado num dispositivo que utiliza ar comprimido e água para isolar as células da superfície a testar e em seguida coloca-as em contacto com um anticorpo especificamente preparado para a detecção, refere o Gizmag. Se a bactéria estiver presente o anticorpo via tornar-se fluorescente e esta fluorescência vai ser detectada por uma câmara concebida especificamente para o aparelho.

“Pesquisámos biofilmes em diferentes ambientes para procurara a pressão certa para remover as células de diferentes superfícies, sem prejudicar as próprias células”, explicou Salomé Gião, licenciada em Engenharia Biológica pela Universidade do Minho. “Também descobrimos que os biofilmes podem formar-se nas superfícies, mesmo se estão cobertos de água”.

Actualmente, as técnicas de detecção da bactéria baseiam-se em testes laboratoriais, que podem levar dias até se saber o resultado. Adicionalmente, apesar de os testes correntes identificarem todos os tipos de células, estes não discriminam as células vivas e perigosas e as células mortas e inofensivas. O novo dispositivo está concebido para ultrapassar estes problemas, com a capacidade de acumular e detectar o agente patogénico no local dentro de três a quatro horas. Veja uma foto da equipa da Universidade de Southampton – Salomé Gião está em primeiro plano.

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