Ser inteligente e curioso pode ajudar a viver mais tempo. Pelo menos para uma espécie de lémure
A capacidade para explorar e para tomar as decisões mais acertadas tendo em conta as condições do ambiente envolvente pode ser a diferença entre ter uma vida longa ou partir antes do tempo, por exemplo, por não ter sido capaz de evitar um predador ou procurar alimento nos locais mais adequados.
A conclusão é de um estudo realizado por cientistas do Instituto para a Investigação de Primatas, em Leibniz, na Alemanha, que se debruçou sobre uma espécie de pequeno lémure endémico de Madagáscar, o Microcebus murinus. Os investigadores capturaram alguns espécimes na natureza e em laboratório procederam a testes cognitivos, como puzzles e caixas que tinham de ser abertas para desvendar a comida que havia sido colocada no interior, pois as capacidades cognitivas não variam apenas entre espécies, mas também entre indivíduos de uma mesma espécie.
Os resultados mostraram que os lémures M. murinus que tiveram os melhores desempenhos nos testes eram também os que apresentavam idades mais avançadas. Além disso, os investigadores perceberam que os indivíduos que tinham capacidades cognitivas mais avançadas, que pesavam mais e que demonstravam uma maior disponibilidade para explorar novos e desconhecidos ambientes em busca de alimento tendiam a ter uma maior longevidade.
Além disso, os testes permitiram também verificar que os animais que apresentavam capacidades cognitivas mais desenvolvidas tendiam a mostrar menos inclinação para a exploração de ambientes que não lhes eram familiares. Por outro lado, os que mostravam ser mais propensos à exploração eram os que pesavam mais, indicando que conseguiam encontrar alimento com maior facilidade.
Como tal, Claudia Fichtel, principal autora do artigo publicado na ‘Science Advances’, explica que “estes resultados sugerem que ser inteligente ou exibir uma boa condição física e comportamento de exploração são provavelmente duas estratégias diferentes que podem resultar numa maior longevidade”.
A par dos testes cognitivos, foram também administrados testes de personalidade, por exemplo, para avaliar as reações dos animais a objetos estranhos. Respostas negativas podem reduzir a capacidade para encontrar alimento fora dos locais conhecidos e, assim, diminuir as probabilidades de sobrevivência.