Sérgio Ribeiro, CEO Planetiers: “Há várias frentes que têm de ser atacadas para se recuperar o Planeta”



Sérgio Ribeiro lidera a equipa Planetiers desde 2016 e é o CEO e Co-fundador do evento Planetiers World Gathering. Fomos conhecer um pouco mais sobre o empreendedor e a sua opinião acerca da recuperação verde.

“Há várias frentes que têm de ser atacadas para se recuperar o Planeta, mas acho que acima de tudo, vai se resumir a uma coisa: o sistema tem que mudar”, começa por dizer Sérgio “mas não podemos cancelar tudo, desligar as coisas todas e começar um mundo novo, é preciso haver uma transição.”

Um dos pontos que considera essencial para a recuperação verde, é a criação de postos de trabalho ‘verdes’ e inclusivos. Isto porque, como o próprio defende, não se pode optar entre o meio de subsistência e fazer o bem pelo Planeta, tem de existir uma união as duas partes. É ai que entram os privados,“as empresas e as organizações têm a chave da mudança, mas não a podem fazer sozinhos. É isso que a Planetiers também pretende fazer, criar as sinergias e as pontes necessárias para o salto da sustentabilidade”, explica.

Quanto ao papel dos governos nesta recuperação, Sérgio considera que é muito importante. Têm de ser colocadas diretrizes na direção certa, fazer uma transição mais rápida, e de “retirar a carga fiscal de coisas que são importantes socialmente”. “Os governos têm que ter noção do processo e têm que acelerar um pouco mais a mudança, e ver onde é que está a ser investido o dinheiro para a recuperação sustentável”, aponta.

Quando se fala em resiliência e no futuro das próximas gerações, o empreendedor afirma que tudo começa nas decisões do dia a dia. “Não existe o 100% sustentável, as pessoas podem pensar ‘não sou o mais sustentável então se calhar não vale a pena fazer nada’, têm de tentar melhorar um pouco mais todos os dias, todas as semanas, todos os meses”, o mesmo que o próprio admite fazer. Se os cidadãos agirem de acordo com este pensamento, vão se observar três mudanças:

  1. “O próprio consumo deles terá um impacto imediato, porque estão a tomar decisões mais sustentáveis, seja na escolha de embalagens, na reutilização, que vão influenciar as empresas”
  2. “As empresas vão começar a dirigir os seus esforços e os seus investimentos para produtos que os consumidores querem porque vendem o que os clientes compram, não fazem questão de vender coisas não sustentáveis”
  3. Por sua vez, “os governos também vão perceber, e também querendo agradar os cidadãos, vão ter um pouco mais de pressão nas suas orientações fiscais e económicas.”

Relativamente ao Green Deal, o novo Pacto Ecológico Europeu, Sérgio Ribeiro afirma “Achei muito importante a Europa posicionar-se.” “A partir de um posicionamento destes, de uma entidade como a União Europeia, existe logo um efeito de quase de dominó em várias frentes”, dado que as empresas “estão sempre atentas para onde o futuro se está a dirigir”, e influenciando os governos a dar mais importância a estas áreas. Assim, o CEO considera que o Green Deal tem um papel fundamental nesta transição, tal como a nível económico e na criação de empregos ‘verdes’.

A respeito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), e da sua importância nesta recuperação, acredita que vieram trazer uma compreensão e uma orientação “para as pessoas que não têm o tempo ou disponibilidade para ler a ciência, para ler estes assuntos ao detalhe”, “independentemente do papel que têm na sociedade e no mercado de trabalho”, e “para as pessoas que têm um papel fundamental na transformação mas não têm esse tempo, de perceber quais são os elementos essenciais a ter em consideração nas decisões que tomam no dia a dia da sua empresa, do seu governo, do seu município, da sua região”. Ainda assim, Sérgio reforça os ODS não são a ‘bala de prata’, e não vieram solucionar tudo, mas que servem como um guia de diretrizes.

No mesmo contexto, explica que “temos de pensar em tudo como um sistema, até porque estamos a ver este ano que o sistema está todo interligado”. Com a pandemia de Covid-19 o ODS “saúde e bem-estar” [ ODS 3] entrou em colapso, e podemos ver todos os outros a cair, afirma; “A desigualdade [ODS 10], que ainda se vai acentuar”, “o crescimento económico [ODS 8]”, e ainda “a paz institucional e social [ODS 16]”. “Provavelmente o único que teve algum lanço positivo mas que também teve impacto, e demonstra esta interligação, foi o combate às alterações climáticas [ODS 13].”

 





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