Takakia: A planta mais atinga da Terra sobreviveu aos dinossauros mas pode desaparecer às mãos dos humanos



Ao longo de milhões de anos, o musgo do género Takakia tem vindo a adaptar-se à vida a grandes altitudes, onde o frio e a radiação ultravioleta criam condições que seriam demasiado extremas para muitas outras formas de vida.

Esse género é composto por apenas duas espécies – T. lepidozioides e T. ceratophylla. Apesar de uma ou outra poderem ser encontradas em algumas zonas mais remotas dos Estados Unidos da América e no Japão, só no Tibete existem ambas, na região dos Himalaias.

Este musgo, que não cresce mais do que meros milímetros, é considerada a planta mais antiga que hoje ainda existe na Terra, com cerca de 390 milhões de anos, e é um descendente das primeiras espécies vegetais que deixaram para trás os ambientes marinhos e foram as primeiras formas de vida que deram início à colonização das massas terrestres. Além disso, os cientistas acreditam que este fóssil vivo é o musgo com a maior capacidade para rapidamente se adaptar a alterações ambientais, o que poderá explicar que, depois de milhões de anos, ainda resiste.

“Embora o genoma do Takakia evolua rapidamente”, explica Ralf Reski, investigador da Universidade de Freiburg e um dos autores do artigo publicado esta semana na ‘Cell’, o musgo não parece ter sofrido quaisquer alterações morfológicas durante os últimos 165 milhões de anos. “Isto faz do Takakia um verdadeiro fóssil vivo”, diz, apontando que “este contraste aparente entre uma forma inalterada e um genoma em rápida mudança é um desafio científico para os biólogos da evolução”.

O Takakia é o que se poderia considerar um sobrevivente nato. No entanto, as alterações climáticas impulsionadas pelas ações humanas sobre a Terra podem vir a colocar um ponto final nesta história de adaptação. O musgo evoluiu ao longo de milhões de anos, ajustando-se às mudanças ambientais vagarosas ao seu redor, mas agora o seu habitat está a transformar-se rapidamente e pode não ser capaz de fazer face a essas mudanças repentinas.

Dizem os investigadores que, ao longo dos últimos 20 anos, as populações de Takakia têm vindo a diminuir “significativamente” no Tibete, embora outras espécies vegetais tenham vindo a beneficiar do aumento da temperatura.

“O nosso estudo mostra o quão valioso é o Takakia para nos ajudar a compreender a evolução das plantas terrestres. O declínio populacional que encontrámos é assustador”, reconhece Yikun He, da Capital Normal University, na China. “Felizmente, saber que a planta está ameaçada de extinção também nos dá a oportunidade para a protegermos, por exemplo, criando-a em laboratório”, salienta.

“O Takakia viu os dinossauros surgirem e desapareceram. Assistiu ao surgimento dos humanos. Agora podemos aprender alguma coisa sobre resiliência e extinção com este pequeno musgo.”





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