Tartarugas-verdes apanhadas em redes de pesca devolvidas ao mar na Argentina após um mês de reabilitação



Em dezembro, duas tartarugas-verdes (Chelonia mydas) foram apanhadas acidentalmente nas redes de pesca de pescadores artesanais que operavam ao largo da costa da Argentina. Depois de perceberem que os animais estavam enredados nas artes, os pescadores alertaram da Fundación Mundo Marino.

Os biólogos da uma organização sem fins lucrativos que se dedica à proteção e conservação de espécies marinhas levaram para o seu centro de reabilitação uma das tartarugas no dia 8 de dezembro, sendo que a outra chegou no dia seguinte. Apesar de não apresentarem sinais exteriores de ferimentos, análises ao sangue revelaram que uma das tartarugas teria uma infeção e apresentava uma ligeira anemia. Dez dias volvidos, após a administração de antibióticos e ferro, os valores normalizaram, afirma, em comunicado, Mauro Pergazere, médico veterinário da organização.

As duas tartarugas-verdes resgatadas a caminho do centro de reabilitação da Fundación Mundo Marino, na Argentina.
Fonte: Fundación Mundo Marino

Contudo, os resultados das radiografias deixaram os especialistas preocupados. As imagens mostravam objetos estranhos nos aparelhos digestivos dos animais e veio a comprovar-se que se tratava de resíduos de plástico que terão sido ingeridos pelas tartarugas, sendo que uma delas, já no centro de reabilitação, chegou mesmo a produzir fezes repletas desse material sintético.

Ainda assim, as quantidades de plástico eram relativamente pequenas, pelo que a equipa médico-veterinária conseguiu resolver o problema sem grandes dificuldades.

Karina Álvarez, responsável de Conservação da Fundación Mundo Marino, explica que cerca de 96% de todas as tartarugas-verdes vivas que dão entrada no centro de recuperação ingeriram plástico, algo que, afirma, “lamentavelmente não nos surpreende, porque o poluente que mais abunda nas nossas praias é o plástico”.

E diz que essa é uma realidade que “tem de nos fazer tomar consciência, sobretudo durante a época de verão, da responsabilidade para retirar da praia dos resíduos que produzimos”.

Quase um mês depois de terem iniciado a sua reabilitação, as duas tartarugas-verdes, uma espécie considerada “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), foram devolvidas ao mar no passado dia 5 de janeiro, num evento que reuniu na praia argentina de San Clemente dezenas de pessoas que quiseram testemunhar a libertação dos animais no seu habitat natural.

A tartaruga-verde é a maior de todas as espécies de tartarugas marinhas e é a única que apresenta uma deita exclusivamente herbívora, alimentando-se de algas e de outras plantas marinhas.

De acordo com a WWF, as principais ameaças enfrentadas por esta espécie são a captura acidental pelas atividades piscatórias, a destruição do seu habitat especialmente devido à urbanização das zonas costeiras onde nidifica, e também a caça excessiva e, em alguns países, ilegal, e o tráfico.

A somar a todos esses perigos, a poluição dos oceanos por plástico é outro dos grandes flagelos que ameaçam as populações de tartarugas marinhas em todo o mundo, sendo que se estima que 52% de todos esses répteis tenham já ingerido algum tipo de plástico.

Alimentando-se sobretudo de alforrecas e algas, as tartarugas confundem os resíduos de plástico com os seus alimentos preferidos, pelo que essa poluição representa um risco para todas as espécies de tartarugas, além de para todos os ecossistemas marinhos e para um sem-número de outras espécies.





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