Terceira remediação ambiental de antiga mina em Cerveira prevista para o verão



O presidente da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) estimou hoje que a terceira intervenção de remediação ambiental das antigas minas de volfrâmio de Covas, em Vila Nova de Cerveira, deverá avançar no verão e terá a duração de um ano.

Em declarações à agência Lusa, após a apresentação pública do projeto de fase complementar da remediação ambiental da antiga área mineira de Covas, desativada há cerca de 40 anos, orçado em dois milhões de euros, Gonçalo Rocha escusou “vincular-se” a um prazo, mas garantiu que a empresa espera ter a empreitada no terreno “no próximo verão”.

A EDM detém, há 22 anos, a concessão, atribuída pelo Estado português, de remediação ambiental das 199 antigas minas espalhadas pelo país, sendo que já realizou intervenções em 117.

O responsável, que falava na sede da Junta de Freguesia de Covas, em Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, explicou que a obra vai ser candidatada ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e que “há tramitação que falta concretizar”.

“Somos uma empresa do setor empresarial do Estado, sujeita ao código da contratação pública. É uma intervenção que, pelo seu montante, tem de ir ao Tribunal de Contas”, afirmou, garantindo que, se tudo correr como o previsto, a obra avançará a “curto prazo”.

Durante a sessão, onde participaram elementos de movimentos cívicos que, recentemente, lutaram contra a exploração de lítio na Serra d’Arga, Gonçalo Rocha explicou que a antiga área mineira de Covas já foi intervencionada em 2007 e 2013.

“Isto é um processo dinâmico. Não significa que esta intervenção vá acabar a 100% com o problema. Vai melhorar a solução. É uma intervenção que se justifica. Também tem vindo a receber manifestações da comunidade local, nomeadamente, da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal no sentido de que a intervenção avance rapidamente”, afirmou.

Quando a obra começar, acrescentou Gonçalo Rocha, a EDM voltará à freguesia de Covas para explicar à população “todo o desenvolvimento da empreitada”.

O responsável explicou que “há muitas décadas” o explorador abandonava a mina e deixava-a em circunstâncias muito negativas para o território onde se localizava, porque a legislação não obrigava à recuperação ambiental das mesmas.

“Fizemos intervenções em 117 das 199 áreas mineiras que nos estão atribuídas e, dentro dessas 117, temos tido fases complementares que mais não é do que voltar aos locais já intervencionados ao longo da concessão que o Estado atribuiu à EDM”.

Durante a sessão de esclarecimento da empreitada, a coordenadora da EDM, Zélia Estevão, apelou à população que “nunca confunda a intervenção com qualquer trabalho de exploração ou prospeção, no âmbito do lítio”.

“Haverá máquinas no terreno, movimentação de terras. É uma obra que vai durar um ano, mas nunca poderá ser confundida com a exploração de lítio”, afirmou perante cerca de uma dezena de participantes e respondendo à preocupação manifestada pelo presidente da Junta de Freguesia de Covas, Pedro Araújo.

A responsável garantiu que a EDM “não vai abandonar o território e, sempre que necessário, melhorar o trabalho de remediação ambiental que já foi feito”.

“A natureza não é estática, é dinâmica. Toda e qualquer intervenção efetuada pela EDM terá de acompanhar essa dinâmica”, frisou.

As obras de remediação ambiental prevista para o verão “vai ser fiscalizada e monitorizada”, sendo que, no final dos trabalhos, a EDM irá concorrer a fundos comunitários para garantir o acompanhamento da área mineira.

Desativadas desde os anos 80 do século XX, as antigas minas de volfrâmio de Covas foram oficialmente seladas em 2008, após conclusão da intervenção de requalificação realizada pela EDM, num investimento de 1,6 milhões de euros.

O estado das minas nunca deixou de preocupar o poder autárquico local e os ambientalistas da região, que exigiam a selagem de toda a área por existirem episódios de drenagem de águas ácidas, que contêm ferro e outros minerais para a ribeira do Poço Negro e, depois para o rio Coura, colocando em causa o ambiente, a saúde e a segurança das populações.





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