Thomas Friedman, vencedor do Prémio Pulitzer: “Não se negoceia com a natureza”



“Não tenho a menor dúvida de que o mundo que nós conhecemos vai se dividir em AC/DC: antes do corona e depois do corona. A crise dos bancos de 2008 foi um teste de stress no sistema bancário, mas hoje o teste é sobre a sociedade como um todo. E o debate não pode ser sobre como combater o vírus ou pensar nos empregos, temos de fazer os dois juntos. Não sei qual vai ser a decisão, mas temos de fazer isso com o máximo de dados possível”, disse o jornalista do The New York Times, numa entrevista à revista brasileira Veja.

Segundo Thomas Friedman, uma lição positiva que deve sair desta crise é a necessidade de uma melhor distribuição da energia, para as comunidades s tornarem mais resilientes. “Tudo isso sem falar no pano de fundo que é o aquecimento global”, o próximo desafio que a mãe Natureza vai colocar à humanidade. “Não há imunização de grupo para aquecimento global”, acrescenta o colunista na entrevista à revista Veja.

Sobre as consequências da epidemia nos Estados Unidos, Friedman explica que o País nunca teve um inimigo assim. Combateram os nazistas e os russos, mas as duas forças mais poderosas do planeta são a “mãe natureza” e o “mercado”.

Na opinião do colunista, o presidente Donald Trump usou o índice bolsista Dow Jones como “termómetro pessoal”, e achava que, se o mercado reagisse positivamente, isso seria um sinal de que estaria a vencer a doença. “Enquanto isso, a mãe natureza espalhou silenciosamente esse vírus. Não se negoceia com a mãe natureza. A mãe natureza não faz resgates”, conclui.

Thomas Friedman iniciou a sua carreira no jornal The New York Times em 1981 como jornalista da área financeira, especializado em temas relacionados com o petróleo. Três vezes vencedor do Prémio Pulitzer, viajou por todo o mundo como jornalista e especializou-se no conflito do Médio Oriente, no fim da Guerra Fria, na política interna e internacional dos EUA e no impacto da ameaça terrorista mundial.

O seu grande sucesso literário é O Mundo é Plano (editado em Portugal pela Actual Editora em 2005), que ganhou o primeiro prémio para melhor livro de negócios atribuído pelo Financial Times e pela Goldman Sachs. Licenciou-se na Universidade de Brandeis com uma especialização em Estudos Mediterrâneos e tem um mestrado em Estudos Modernos do Médio Oriente da Universidade de Oxford.

Vive em Bethesda, no Estado norte-americano de Maryland, com a sua mulher, Ann, e as suas duas filhas.





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