Ucrânia: Energias eólica e solar pouparam à UE 99 mil milhões de euros que seriam gastos em gás
Desde que a guerra da Rússia contra a Ucrânia começou, em fevereiro, as energias renováveis permitiram à União Europeia poupar milhões de euros que seriam gastos na compra de gás para suprir as necessidades do bloco.
Uma análise dos grupos de reflexão E3G e Ember mostra que, entre março e setembro deste ano, as energias solar e eólica produziram 24% da produção de eletricidade na UE, ou seja, 345 terawatts por hora, uma subida de 13% relativamente ao mesmo período de 2021.
Esse “aumento recorde” permitiu aos 27 Estados-membros, no seu conjunto, evitar o consumo de uns adicionais oito mil milhões de metros cúbicos de gás, que teriam custado cerca de 11 mil milhões de euros. Assim, entre março e setembro, as energias renováveis permitiram uma poupança total de 99 mil milhões de euros que seriam gastos na importação de uns estimados 70 mil milhões de metros cúbicos de gás.
“As energias eólica e solar estão já a ajudar os cidadãos europeus”, refere Chris Rosslowe, analista sénior da Ember, que aponta que “o potencial futuro é ainda maior”.
O estudo indica que a Espanha, a França, a Itália e a Polónia foram os Estados-membros da UE que registaram os maiores aumentos da produção de eletricidade de fontes renováveis desde que a guerra arrancou.
Ainda assim, é avançado que entre março e setembro, a UE terá gasto aproximadamente 82 mil milhões de euros em combustíveis fósseis para gerar 20% da sua eletricidade.
Os autores argumentam que “escolhas políticas passadas que aumentaram a dependência da UE face ao gás” e que impediram o avanço das renováveis e de uma maior eficiência energética “são as principais causas da atual inflação sem precedentes” que afeta o bloco.
E acreditam que o plano REPowerEU, desenvolvido pela Comissão liderada por Ursula von der Leyen, “tem o potencial para reduzir, de forma significativa e rápida, a exposição da Europa a importações de gás dispendiosas”, aumentando a sua segurança energética e permitindo adquirir um maior controlo sobre os preços da energia.
Artur Patuleia, da E3G, apela a que todos os Estados-membros apoiem o plano de Bruxelas para a transição energética, alertando que os constrangimentos nos mercados internacionais de gás natural liquefeito, se nada for feito, continuarão a fazer subir os preços ao longo dos próximos anos.