Um eco-resort que faz (mesmo) a diferença



O Triângulo de Coral – com quase seis milhões de quilómetros quadrados partilhados por seis países (Filipinas, Malásia, Indonésia, Timor-Leste, Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão) – possui cerca de 30 por cento dos recifes de todo o mundo e mais de 3.000 espécies marinhas. Verdadeiro destino de sonho para praticantes de mergulho, tem vindo a ser ameaçado pela pesca em excesso, poluição e desenvolvimento costeiro.

Entre os locais mais belos deste Triângulo está o arquipélago indonésio de Raja Ampat, um conjunto de cerca de 1000 ilhas que se situa ao largo da cidade de Sarong, estendendo-se da Papua às Filipinas e a Timor, e conhecido como sendo o habitat marinho com maior biodiversidade da Terra. Existem muitas espécies aqui que não encontrará em nenhum outro lugar. Possui três quartos das variedades de coral do mundo, 10 vezes maior do que o Caribe. Aqui “visibilidade de alta definição” significa que, de uma só vez, sem ter que nadar para longe, poderá verá uma infinidade de corais das mais diversas formas, cores e dimensões. 

O biólogo, naturalista, geólogo e antropólogo britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913), cujos estudos se concentraram nessas ilhas, deve ser considerado o equivalente de Charles Darwin pelo seu trabalho na teoria da evolução pela selecção natural. Foi ele o primeiro a descobrir as maravilhas que se escondem neste arquipélago composto por quatro grandes ilhas e centenas de pontos verdejantes. 

Entre os novos alojamentos que começam a surgir mais recentemente na região, destaca-se o Misool Eco Resort, no extremo do sul do Raja Ampat. Aqui a erosão deu origem as ilhas para que parecem levitar acima da água. Há penhascos, grutas e manguezais, até de repente, surge uma baía, e uma praia secreta de areia intocada. Bandos de pássaros atravessam o céu azul para irem pousar um pouco mais à frente.

Marit e Andrew Miners, os proprietários e criadores deste eco-resort, decidiram intervir depois de ver como o meio ambiente marinho estava a ser destruído – pela pesca de dinamite, pelas redes, pela pesca em linha larga, pelas tartarugas como isca para tubarões e pelas muitas dezenas de barcos de pesca, todos com barbatanas de tubarão. Por isso decidiram fazer algo para salvar esta “Amazónia dos recifes de coral”. Conseguiram o que parecia impossível: arrendaram 425 quilómetros quadrados de oceano à comunidade local e começaram a solicitar apoio local para a criação de uma zona onde toda a pesca seria banida. Contrataram uma equipa de patrulha, criaram postos de vigia e começaram a construir um hotel no local de um antigo campo de barbatanas de tubarões. Hoje, o Misool Eco Resort faz inveja a muitos dos resorts das Maldivas. Possui 12 cottages e villas construídas em palafitas sobre as água de uma lagoa, e sete villas na praia, além de um restaurante, um spa e um centro de mergulho. 

Mas o melhor é mesmo a Fundação Misool que agora protege uma Reserva Marinha de 300 mil hectares / 1220 km², uma área que é quase o dobro do tamanho de Singapura, patrulhada por uma equipe de rangers locais, com patrulhas físicas, radar e vigilância de drone e o apoio da Polícia Marítima. É ver para crer:

 

Foto: Misool Eco Resort





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