Universidade de Aveiro descobre método para reciclar resíduos de eucalipto
Investigadores da Universidade de Aveiro (UA) descobriram um novo processo que permite aproveitar os resíduos de eucalipto da produção de pasta de papel. O novo método permite extrair os compostos dos resíduos de eucalipto e aproveitá-los para uso farmacêutico e alimentar.
Até agora, o destino das cascas de eucalipto provenientes da indústria de celulose era a combustão como biomassa para a produção de energia. Porém, o novo processo patenteado pelos investigadores da UA permite extrair de cada 100 quilos de casca de eucalipto cerca de um quilo de extracto bioactivo – uma quantidade que pode alcançar valores entre as centenas e os milhares de euros, consoante o grau de pureza.
O novo processo de extracção é o culminar de uma investigação que começou há 12 anos, com a descoberta de que a casca do eucalipto é rica em ácidos triterpénicos, por uma equipa de investigadores do Departamento de Química.
Estes ácidos, conhecidos por terem uma ampla gama de propriedades biológicas, têm aplicações várias, como a cosmética, a nutrição humana e animal e a indústria farmacêutica, como indica Armando Silvestre, um dos co-autores do estudo. No caso da indústria farmacêutica, “os compostos pretendem-se geralmente puros, mas em cosmética e nutrição o próprio extracto – não purificado ou com níveis variáveis de purificação – poderá ser utilizado desde que os restantes componentes não levantem entraves”, explica o investigador, citado pelo jornal online da UA.
A nível farmacológico, vários estudos anteriores mostram que os ácidos triterpénicos existentes na casca do eucalipto possuem propriedades bioactivas. É caso dos ácidos ursólico, oleanólico e betulínico. Os dois primeiros, indica Armando Silvestre, “podem ser aplicados como antimicrobianos, antitumurais e hepatoprotetores”. Já o ácido betulínico “foi identificada a sua acção como agente anti-malária e anti-HIV”.
O método de extracção e purificação dos ácidos é baseado em processos de separação típicos e já conhecidos da engenharia química e não requer solventes nem condições de operação especiais ou estranhos à realidade industrial. O objectivo da investigação passa agora pela implementação industrial do método de extracção dos compostos.
Foto: costapppr / Creative Commons