Universidade de Coimbra testa novo método de avaliação do risco cardiovascular
Um estudo piloto realizado no ICNAS – Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da Universidade de Coimbra (UC) – mostrou que o radiofármaco fluoreto de sódio marcado com fluor-18, usado classicamente na detecção de metástases ósseas, parece ser eficaz na identificação precoce da doença cardiovascular.
Uma equipa multidisciplinar, liderada pela docente e investigadora Maria João Ferreira, da Faculdade de Medicina da UC (FMUC), aplicou este método de imagem não invasiva em indivíduos com risco cardiovascular, seguidos na consulta externa de Cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (HUC-CHUC).
Segundo explica a própria universidade em comunicado, foi verificado ser possível identificar placas ateroscleróticas em processo de microcalcificação activa, mais vulneráveis e por isso mais sujeitas a rotura, o que parece relacionar-se com o risco de se associarem a quadros agudos como o enfarte do miocárdio ou o acidente vascular cerebral. O seu reconhecimento pode condicionar tratamentos que visam a sua estabilização e, consequentemente, a diminuição do risco de eventos cardiovasculares.
“[Os resultados obtidos neste estudo piloto] são muito promissores e parecem apoiar esta nova aplicação deste ‘velho’ marcador, mas há ainda muito trabalho a ser desenvolvido. Para tal será indispensável a continuação do esforço de uma equipa onde a investigação básica e clínica interagem de forma profícua”, repara Maria João Ferreira.
A investigadora acrescenta que “a importância deste conhecimento poderá, num futuro que se antevê próximo, relacionar-se com o risco cardiovascular do indivíduo e por isso com a sua orientação terapêutica.”
Apostar em novos métodos de diagnóstico precoce das doenças do foro cardíaco é muito relevante porque, salienta docente da FMUC, “a doença cardiovascular, nas suas várias componentes, é uma das principais causas de morte que, de acordo com estatísticas Europeias, é responsável por cerca de 42% das mortes nos homens e 51% nas mulheres.”
“Trata-se por isso de uma entidade clínica associada a enormes custos, de difícil contabilização, que urge tratar e sobretudo prevenir. O diagnóstico precoce, bem como a estratificação de risco são dois pilares importantes em qualquer estratégia que vise lidar com esta doença”, afirma a especialista da UC.
Foto: Leandro Neumann Ciuffo / Creative Commons