Ursos-polares são importantes fornecedores de alimento para outras espécies no Ártico



Além de serem grandes predadores e também, quando é preciso, de se atuarem como recicladores de nutrientes ao se alimentarem de carcaças, os ursos-polares (Ursus maritimus) são também importantes fornecedores de alimento para outras espécies de necrófagos que vivem no Ártico.

Uma nova investigação, divulgada esta semana na revista ‘Oikos’, revela que esses grandes ursídeos brancos deixam para trás cerca de 7,6 milhões de toneladas de alimento todos os anos. Assim, os cientistas dizem que os ursos-polares criam vitais fontes de alimento que ajudam a suportar uma ampla rede de espécies de necrófagos nos mundos gelados do extremo norte da Terra.

A equipa de investigadores diz que, por isso, os ursos-polares atuam como uma “ligação crucial” entre os ecossistemas marinhos e terrestres. Como? Ao caçarem, por exemplo, focas no oceano e ao deixarem as suas carcaças no gelo, os ursos estão a transferir grandes quantidades de energia de um tipo de habitat para o outro e a tornar alimento acessível a outros animais.

O estudo revela que, pelo menos, 11 outras espécies de vertebrados beneficiam desse serviço prestado pelo ursos-polares, como raposas-do-ártico (Vulpes lagopus), corvos-comuns (Corvus corax) e glutões (Gulo gulo).

“As nossas descobertas quantificam, pela primeira vez, a enorme importância dos ursos-polares como fornecedores de alimento para outras espécies”, diz, em comunicado, Holly Gamblin, da Universidade de Manitoba (Canadá) e primeira autora do artigo.

Diz a cientista que uma das coisas que mais salta à vista neste trabalho é o facto de não haver outras espécies que cace da mesma forma que os ursos-polares, capturando presas no mar e arrastando-as para o gelo, deixando depois uma quantidade de comida substancial ao alcance de outras espécies.

O Ártico está a aquecimento pelo menos duas vezes mais rapidamente do que a média global e a ameaçar a sobrevivência de muitos animais, incluindo dos ursos-polares, uma vez que a perda de gelo marinho está a dificultar o acesso às zonas marinhas, longe de terra, onde estão as suas presas prediletas, as focas. Sem essas plataformas geladas flutuantes, os ursos não têm nem onde descansar nem para onde içar as suas presas.

Por outro lado, este estudo salienta que o desaparecimento dos ursos-polares não terá um efeito apenas na própria espécie, como também noutras espécies, que aprenderam a aproveitar os restos deixados pelos grandes ursos.

Menos ursos significará menos alimento deixado ao alcance de outras espécies, que poderão também acabar por sofrer perdas populacionais, com todas as consequências ecológicas que daí poderão vir. Por isso, os autores desta investigação dizem que proteger os ursos-polares não é apenas conservar essa espécie, mas também todas as outras que deles dependem.






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