Vale do Sousa escolhe solução “cara mas” eficaz de valorização de resíduos
O Vale do Sousa vai optar pela opção técnica mais cara, mas mais segura em termos ambientais, das quatro estudadas pela Universidade de Aveiro, para uma unidade de valorização de resíduos que produzirá biogás, foi ontem revelado.
“A quarta opção, apesar de ser mais cara do ponto de vista da execução, é a que nos assegura garantia total de segurança e inexistência de impacto”, explicou Antonino Sousa, presidente da Ambisousa, Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos, que compreende os municípios de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel.
Falando numa conferência de imprensa realizada na Câmara de Paredes, município para onde se aponta a construção do equipamento, o também autarca de Penafiel assinalou que a decisão está tomada e “agora o projeto de execução está a ser concluído”, levando em consideração o estudo universitário sobre a conceção e construção da Unidade de Valorização Orgânica de Bioresíduos do Vale do Sousa.
“Este é o maior investimento de sempre, no domínio do ambiente, na nossa região”, acentuou depois, apontando para um investimento de cerca de 18 milhões de euros, de acordo com a estimativa da empresa, mas que pode aumentar “um bocadinho” atendendo aos “fatores da inflação a que temos assistido”.
De acordo com a Ambisousa, estimativas realizadas no período anterior à guerra na Ucrânia, indicavam que o equipamento iria produzir uma quantidade de gás natural equivalente a dois milhões de euros por ano de biogás, que entrará na rede nacional de distribuição e, está previsto, “alimentará” as viaturas que vão assegurar, no território, a recolha seletiva de resíduos orgânicos.
“Quando estiver concluído [o equipamento], além de todas os ganhos ambientais, vai traduzir-se, também, numa vantagem do ponto de vista económico muito grande para a região e até para o país”, refendeu, acrescentando: “vai permitir uma receita importante para a nossa empresa municipal, que se vai refletir depois nas tarifas mais baixas para os concidadãos”.
Questionado sobre as garantias de que não haverá impactos ambientais, satisfazendo a vontade das populações da localidade de Baltar, no concelho de Paredes, onde se vai situar o equipamento, respondeu: “Aquilo que nos disseram [UA] foi que as quatro soluções resolvem o problema, desde a primeira, mais simples, até à quarta, muito mais exigente e onerosa. A nossa decisão foi de imediato a que nos dá absoluta garantia”.
Sobre se haverá odores resultantes da atividade, um dos receios dos residentes naquela zona do concelho de Paredes, precisou não haver “nenhum risco” que isso ocorra, como se pretendeu garantir quando se mandou realizar o estudo.
Antonino previu, por outro lado, que a obra possa arrancar no próximo ano, mas disse não haver ainda “uma data rigorosa”.
“A expectativa é que, até ao final do ano [2023], tudo esteja concluído. Do ponto de vista da obra de construção civil, o projeto não é complexo, é sobretudo equipamento que está já a ser tratado”, explicou.
A Ambisousa garantiu na União Europeia uma comparticipação de oito milhões de euros para a execução do equipamento e o restante, foi hoje revelado, está assegurado” por capitais próprios e financiamento da empresa intermunicipal.
O presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, disse estar “tranquilo” quanto à inexistência de odores em Baltar que resultem da atividade daquela estação de valorização de resíduos orgânicos.
“Com este acompanhamento da Universidade de Aveiro, com esta solução final [técnica], ainda estou mais tranquilo”, disse aos jornalistas.
O autarca admitiu que a solução hoje apresentada “vai ser copiada por outros sistemas intermunicipais de tratamento de resíduos”, recordando que, no final de 2023, os resíduos orgânicos deixarão de ser depositados em aterros.
“Em vez de termos custos com a incineração, vamos transformá-los numa mais-valia e produzir dinheiro com esse valor”, sinalizou Alexandre Almeida.