Vaticano vai demorar 100 anos a digitalizar 40 milhões de documentos
Se queres prever o futuro, estuda o passado. A frase, atribuída ao pensador e filósofo chinês Confúcio, é diversas vezes utilizada para tentar dar ao passado a importância que ele realmente tem. Por isso, esta notícia é tão importante: o Vaticano prepara-se para digitalizar 40 milhões de páginas dos seus arquivos, uma missão que irá motivar 50 investigadores, cinco scanners e cerca de 100 anos a concluir.
Segundo o The Wall Street Journal, a biblioteca do Vaticano tem cerca de 82 mil manuscritos, muitos deles com 1.800 anos – a biblioteca foi fundada em 1451. O projecto será trabalhado, numa primeira fase, em parceria com a NTT Data, uma empresa de TI japonesa que irá começar por converter os primeiros 3.000 manuscritos, um processo que decorrerá até 2018. Os primeiros documentos, porém, poderão ser vistos online já no final do ano.
A NTT Data e os funcionários do Vaticano terão de garantir que os scanners não vão danificar os documentos, por isso estão a testá-los há um ano. As máquinas estão equipadas com um ecrã que irá proteger os documentos de alguma luz mais extrema. O objectivo é afastar a luz dos documentos – as cortinas da sala onde o trabalho será efectuado vai cobrir as janelas a 100%, por exemplo.
Os funcionários da NTT Data irão também usar luvas e remover todos os anéis ou joias para evitar riscar os papéis. Todos os momentos do processo serão monitorizados e observados pelo Vaticano.
À medida que cada página é digitalizada, ela será configurada para voltar a ser armazenada. Depois, o documento digital será levado para o site da biblioteca do Vaticano, onde todos poderão ter acesso, de forma gratuita e de vários ângulos.
O Vaticano não sabe quanto tempo decorrerá todo este processo mas, se pensarmos que os primeiros 3.000 manuscritos demorarão quatro anos a estar online, toda a biblioteca poderá levar 109 anos a digitalizar.
Os quatro primeiros anos de digitalização vão custar €18 milhões (R$ 55,7 milhões), inteiramente pagos pela NTT Data. A empresa japonesa espera reaver este dinheiro através de doações feitas no site da biblioteca do Vaticano. O primeiro documento será digitalizado nas próximas semanas.
Foto: Cesare Pasini, perfeito do Vaticno, mostra um manuscrito japonês do século XVIII, recentemente encontrado nos arquivos da biblioteca. Domenico Stinellis/Associated Press
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