Vida microbiana no subsolo gelado da Antárctida é uma realidade cada vez mais provável
Uma nova investigação reforça a ideia de existência de vida no subsolo gelado da Antárctida. Uma equipa internacional de cientistas detectou extensos lagos subterrâneos – sob os glaciares desérticos de Taylor Valley – que estão ligados entre si, formando uma rede subterrânea de lagos salgados que, de acordo com os dados recolhidos, deverão conter um ecossistema ancestral rico em microorganismos.
A descoberta foi feita graças a uma prospecção electromagnética realizada durante uma série de voos de helicóptero e, além de aprofundar o estudo da história climática desta região do planeta, reforça as esperanças da existência de vida microscópica em planetas do sistema solar, como Marte ou em luas de Júpiter, como Europa ou Ganimedes, e de Saturno, como Encélado.
A rede subterrânea descoberta foi descrita num estudo publicado na revista científica Nature Communications. Nele, a equipa de investigadores – composta por cientistas norte-americanos, dinamarqueses e franceses -, coordenada por Jill Mikucki, microbióloga da Universidade de Tennessee, nos Estados Unidos, descreve o achado e defende que aquela rede de água subterrânea é um potencial habitat de vida microbiana prístina e intocada há milhares de anos.
Durante os trabalhos de campo, o helicóptero mapeou todo o subsolo da região de Taylor Valley – o deserto mais frio e seco do mundo. Conforme as densidades que encontrava, o sensor colocado no helicóptero conseguia distinguir entre terra sólida, gelo, água doce e água salgada, escreve o Smithsonian Mag.
Desta forma, os investigadores descobriram que debaixo das montanhas e lagos gelados da região há vastos lençóis de água salgada. Uma descoberta anterior, realizada na mesma zona, em 2009, havia já identificado a existência de microbactérias ancestrais nas Blood Falls, um pequeno rio vermelho que emerge entre os glaciares daqueles vales.
Perante a nova descoberta, os investigadores acreditam que a água vermelha que jorra das Blood Falls e que é rica em fero, é alimentada por estas extensões subterrâneas de água salgada. A equipa afirma que a descoberta pode ajudar a explicar a origem da vida na terra, já que aquelas águas estarão isoladas da superfície há mais de 1.500 milhões de anos. As bactérias que possivelmente aí subsistem viverão em condições extremas e alimentando-se de pouco mais do que reacções químicas.
Foto: Huan Cui / Creative Commons