Zero recomenda às autoridades melhor informação sobre qualidade das águas balneares
A associação ambientalista Zero está preocupada com a degradação da qualidade das águas balneares e recomenda às autoridades competentes uma melhor investigação e publicação de informação sobre interdições ao longo da época balnear.
Em declarações hoje à agência Lusa a propósito dos dados divulgados pela Agência Europeia do Ambiente sobre a qualidade das águas balneares na União Europeia, Albânia e Suíça, o presidente da Zero chamou a atenção para a degradação da qualidade.
“Na passada semana, a Agência Europeia do Ambiente divulgou os dados da época balnear de 2022 (…). Quando comparamos com 2021, nós vemos que há pior qualidade nas praias que foram monitorizadas e que fizeram parte desta avaliação. Na época de 2021 tínhamos praticamente 90% de praias com qualidade excelente e apenas duas com má qualidade, 0,3%”, contou.
No ano passado, realçou Francisco Ferreira, Portugal estava abaixo da média europeia, não chegando aos 85%.
“Temos oito praias que apresentaram má qualidade em 2022. Estamos a falar de quatro vezes mais praias com má qualidade em comparação com a época balnear de 2021. Em nosso entender, isto merece uma investigação, uma análise da Agência Portuguesa do Ambiente e das direções regionais dos Açores e da Madeira para perceber o que se está a passar”, sublinhou.
Francisco Ferreira indicou que o número total de águas balneares em funcionamento é 658.
“A 15 e a 17 de junho abrem a época balnear 245 praias. Há um conjunto de seis novas praias na listagem, três interiores no continente e três costeiras nas regiões autónomas”, disse.
De acordo com os dados, oito águas balneares que estiveram em funcionamento em 2022 receberam a classificação “má” relativamente à qualidade da água. Três das oito praias, todas interiores, não estarão em funcionamento nesta época balnear de 2023 – Cascata da Cabreia, em Sever do Vouga, Melres, em Gondomar, e Quinta do Alamal (Albufeira de Belver), em Gavião.
Segundo Francisco Ferreira, a praia do Areínho, em Arouca, também deixou de ser uma água balnear em 2023.
“Por último, a nossa recomendação vai no sentido de olharmos com muito mais conhecimento da parte das entidades e divulgarmos os dados de forma mais efetiva relativamente à qualidade das àguas balneares. Quando nós consultamos o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, há muitas análises que não estão lá presentes e que seriam importantes atá para as pessoas poderem consultar, mesmo que o sistema não seja agradável para uma consulta”, disse.
O presidente da Zero salientou que este ano quatro praias já tiveram até agora duas análises que levaram ao desaconselhamento ou proibição de banhos (Poças do Gomes – Doca dos Cavacas, no Funchal, Inatel e Pescadores, em Albufeira, e Amoreira-Rio, em Aljezur), sendo que neste último caso antes ainda da abertura da época balnear.
“Quatro praias encontravam-se na terça-feira, dia em que consultámos o sistema, interditadas pelo Delegado Regional de Saúde e outras três praias foram interditadas por um curto período face aos resultados elevados das análises”, indicou.
Francisco Ferreira lembrou que a época balnear ainda está no início, devendo a análise às águas ser realizada com mais frequência e rigor.
“Estes resultados, para nós, mereciam uma resposta em termos de investigação, de fiscalização de medidas e de informação quer da parte das entidades, quer dos utentes, que ao se deslocarem a uma praia devem procurar verificar a sua qualidade. As últimas análises deverão estar disponíveis para consulta e assim poderem decidir em função não só dos eventuais galardões das praias, mas das últimas análises efetuadas”, concluiu.
As águas balneares são classificadas quanto à qualidade de acordo com os parâmetros microbiológicos definidos numa diretiva europeia.
Para o relatório da Agência Europeia do Ambiente foram monitorizadas 21.973 zonas balneares em toda a Europa na época de 2022, incluindo os 27 Estados-membros da UE, mas também a Albânia e a Suíça.