6 tendências ESG para 2025
O BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável promoveu hoje um encontro virtual intitulado “Tendências ESG para 2025” e que contou com a participação de Isabel Ucha, CEO da Euronext, Philippa Nuttall, Editora do Sustainability Views – Financial Times e Tiago Carrilho, Diretor de Conhecimento e Formação do BCSD Portugal.
Os critérios ESG (Environmental, Social, and Governance) continuam a ser pilares fundamentais para a sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Em 2025, espera-se que as tendências e exigências em ESG sejam moldadas por regulamentações mais rígidas, maior transparência e maior impacto da digitalização.
Durante cerca de uma hora e meia, os oradores do webinar “Tendências ESG 2025” fizeram a antevisão de quais serão os temas principais da área da sustentabilidade, os maiores desafios para as empresas e as oportunidades a explorar.
“A sustentabilidade é uma jornada que ajuda a organização a mapear o caminho para o futuro”, sublinhou Tiago Carrilho, Diretor de Conhecimento e Formação do BCSD Portugal, apresentando, se seguida, seis tendências ESG para 2025:
1.Regulamentação, transparência e relatórios de sustentabilidade
A crescente exigência por transparência e necessidades de práticas de gestão mais eficazes levará as empresas a adotar práticas rigorosas de relatórios ambientais, sociais e de governança (ESG). Em Portugal, deverá acontecer a transposição da Diretiva Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), que acentuará esta necessidade para as nossas empresas. Haverá também um maior foco no combate ao greenwashing, bem como uma maior necessidade de transparência da cadeia de valor, graças à diretiva de dever de diligência (CSDDD), que exigirá às empresas que reavaliem as suas cadeias de valor e adotem medidas eficazes para assegurar o cumprimento das normas de direitos humanos e ambientais.
2.Investimento na mitigação e adaptação às alterações climáticas
Com o aumento de desastres relacionados com o clima, as empresas precisarão de investir em medidas de adaptação para proteger as suas operações e mitigar riscos financeiros. Novas abordagens ajudam as empresas a expandir as suas avaliações de risco, além das implicações financeiras das alterações climáticas. A avaliação de riscos interligados em todos os sistemas será benéfica para a sua adaptação e mitigação e também poderá levar à fusão da agenda climática com a da biodiversidade.
3.Liderança não-executiva num mundo incerto
A incerteza climática e social exigirá que os membros não-executivos dos conselhos de administração das empresas adotem uma perspetiva de longo prazo. Num contexto caracterizado por uma crescente incerteza, a liderança não executiva será crítica na formação de estratégias e na condução do progresso em direção à criação de valor sustentável a longo prazo.
4.Convergência da sustentabilidade e da inteligência artificial (IA)-
A inteligência artificial tornar-se-á essencial nos esforços de sustentabilidade, automatizando relatórios complexos e melhorando a qualidade dos dados. Contudo, o uso crescente da IA traz desafios, como o aumento do consumo energético e o impacto social no emprego, exigindo a adoção de tecnologias mais eficientes e programas de requalificação profissional. É certo que a IA e a sustentabilidade tenderão a convergir e transformarão de forma muito impactante os negócios.
5.Desenvolvimento de talento e sustentabilidade
Em 2025, o desenvolvimento de talentos e a sustentabilidade alinhar-se-ão como prioridades essenciais para as organizações enfrentarem os desafios globais. Neste momento, existe um enorme défice de competências verdes no mercado para fazer a transição necessária, mas isso poderá e deverá ser aproveitado pelas organizações para dotar os colaboradores de novas competências, enquanto atraem e desenvolvem talento. Além disso, estratégias de talentos que integram trabalho orientado ao propósito são essenciais para garantir que existem dentro das organizações as pessoas que irão dar resiliência, competitividade e inovação aos modelos de negócio.
6.Economia circular e redução de resíduos
A transição para uma economia circular continuará a ganhar força, impulsionada pela necessidade de preservar recursos naturais e reduzir emissões de carbono. Promovendo cada vez mais uma dissociação entre o uso de recursos e a criação de unidades económicas, as empresas deverão investir no design de produtos mais sustentáveis, focados na reutilização, reciclagem e eliminação de resíduos. Modelos de negócio baseados na partilha e reutilização, como serviços de subscrição, tornar-se-ão mais comuns, demonstrando assim a já tendência para a servitização.
Já Isabel Ucha, CEO da Euronext, falou do papel das bolsas e em que ponto é que estamos para uma economia mais sustentável “que tem tido e vai continuar a ter os seus desafios”.
A responsável sublinhou que a Euronext “tem vindo a adotar iniciativas para canalizar cada vez mais investimento para a sustentabilidade ambiental” e que o mercado de instrumentos financeiros ligados à sustentabilidade arrancou nos últimos 7 anos, teve um crescimento exponencial e estabilizou em 2023/24 foram.
Segundo Isabel Ucha, o papel da Euronext passa por acompanhar os desafios, dar transparência às empresas, dar visibilidade a iniciativas através de eventos e oferecer soluções, produtos que ajudem as empresas a fazerem este caminho, também liderado pelo exemplo e com o compromisso com reguladores.
“Estamos convencidos que, apesar de alguns avanços e recuos, há uma tendência subjacente, estrutural muito forte no sentido de fazer evoluir estas temáticas. Há uma consciência de opinião pública sobre estas questões e que vão continuar a empurrar esta agenda”, sublinhou a CEO da Euronext.
Para a responsável, “tem de haver um melhor equilibro entre o que são as decisões das empresas e algum excesso de componentes regulatórios que pesam muito do reporte das empresas e muitas dessas exigências acabam por não ter o impacto desejável”.