98% dos portugueses preocupam-se com o desperdício alimentar
Os portugueses estão cada vez mais preocupados em fazer uma alimentação saudável e sustentável, com 88% a revelarem que prestam cada vez mais atenção ao que colocam no prato. A saúde aparece como a principal motivação para querer comer melhor, numa altura em que cerca de metade dos portugueses indica que faz pelo menos uma refeição principal saudável por dia.
No entanto, num cenário de aumento dos preços dos bens alimentares, o crescimento da procura por uma nutrição mais saudável e sustentável é limitado pela necessidade de gerir o orçamento familiar, e 51% indicam estar preparados para cortar despesas na alimentação.
Estas são algumas das principais conclusões do Barómetro FOOD, o estudo lançado anualmente no âmbito da iniciativa com o mesmo nome. O Programa FOOD (Fighting Obesity through Offer and Demand), que comemora este ano o seu 15.º aniversário, é coordenado pelo Grupo Edenred, em conjunto com 19 parceiros públicos e Universidades, entre as quais a Direção-Geral de Saúde e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. Dedicado à promoção de uma alimentação equilibrada através de diversas ações junto dos colaboradores, empresas e dos restaurantes, o programa avalia anualmente, através do seu barómetro, expectativas, procura e hábitos alimentares.
Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, a Edenred e os seus parceiros partilham os resultados do inquérito, baseado nas respostas de 49.990 trabalhadores e 1.491 operadores de restaurantes em 22 países de todo o mundo.
Em Portugal, o barómetro contou com mais de 1700 respostas. Este Barómetro de 2024 destaca ainda que os restaurantes estão a adaptar-se para corresponder à procura dos clientes por refeições mais saudáveis e por uma redução do desperdício alimentar.
Além disso, os dados sublinham o papel fundamental dos vales de refeição (cartão refeição) na salvaguarda dos orçamentos alimentares e no aumento da quantidade e qualidade das refeições. Estes resultados validam e reforçam as tendências que surgiram no ano passado.
Tendência n.º 1: Trabalhadores e restaurantes focados na alimentação saudável num
contexto de desafios económicos
No Barómetro FOOD 2024, 88% das pessoas revelaram que prestam mais atenção à comida saudável. 51% dizem que mudaram os hábitos alimentares no último ano, para comer melhor e de forma mais saudável. 54% dos portugueses revelam mesmo que têm em consideração o índice nutricional das escolhas que fazem e 48% afirmam fazer entre 7 e 14 refeições principais saudáveis por semana, ou seja, o equivalente a pelo menos a uma refeição saudável por dia.
No entanto, apenas 21% das pessoas afirmam fazer entre 11 e 14 refeições saudáveis por semana.
Na lista das motivações para querer comer melhor, as preocupações com a saúde surgem em primeiro lugar, apontadas por 81% das pessoas. O gosto por este tipo de refeições e a procura de maior diversidade aparece em segundo lugar, destacada por 61% das pessoas, seguida pelas preocupações com o ambiente e os animais, identificada por 56%.
83% dos portugueses esperam também que os restaurantes disponibilizem uma oferta mais saudável, contemplando produto mais frescos, mais vegetais, opções vegetarianas e/ou veganas e incluindo informação nutricional clara. Uma expectativa que os restaurantes têm acompanhado.
Do lado dos estabelecimentos, 74% consideram que já promovem uma alimentação mais saudável. 32% apontam um aumento da procura por refeições mais equilibradas e 35% assinalam também uma maior procura por refeições veganas.
Face a esta tendência, mais de metade revela que, nos últimos anos, alterou os seus hábitos e fornecedores no sentido de ter produtos locais e mais saudáveis. Nesta linha, 59% referem que utilizam produtos orgânicos na preparação dos seus menus, e 68% tem pratos vegetais nas suas ementas. Contudo, 44% indicam que preparar refeições equilibradas/saudáveis é mais exigente e 55% avançam que é mais caro.
É de destacar que 38% dos responsáveis de restaurantes acreditam que propor opções saudáveis traz fontes de receitas sustentáveis.
Tendência n.º 2: Restaurantes aderem ao movimento contra o desperdício alimentar
O desperdício alimentar apresenta-se como uma preocupação transversal. 98% dos portugueses indicaram que esta é uma questão importante, ou muito importante, para si. 80% gostariam inclusivamente de saber que restaurantes têm medidas concretas contra o desperdício alimentar.
Por seu lado, 79% dos responsáveis de restaurantes revelaram já ter implementado medidas para limitar o desperdício alimentar. Entre elas destacam-se as caixas de sobras, as parcerias com plataformas contra o desperdício e a reutilização de ingredientes para preparar receitas especiais.
Tendência n.º 3: A importância do cartão refeição na salvaguarda dos orçamentos para alimentação e no aumento da qualidade alimentar
Com 90% dos portugueses a indicarem ser expectável um aumento de preços dos bens alimentares e refeições nos próximos meses, e perante o facto de, no final do mês, 71,3% já terem utilizado o valor do seu cartão refeição e terem de pagar as suas refeições com o orçamento global, 51% admitiram estar preparados para fazer cortes nesta área.
É de destacar que 65% dos trabalhadores inquiridos consideram que o cartão refeição representa um aumento do seu poder de compra. 17% destacam mesmo que, se perdessem o seu cartão de alimentação, teriam piores hábitos alimentares e 34% que iriam menos a restaurantes.
Se o valor do seu cartão duplicasse, 78% assumem que iriam melhorar a qualidade das suas refeições.