Linha biodegradável de roupa para depois da morte posta à venda em 2012
A australiana Pia Interlandi vai comercializar, a partir de 2012, a Garments for the Grave, uma linha biodegradável de roupas para o túmulo. A designer, de 26 anos, começou a estudar cientificamente a decomposição das fibras durante um doutoramento em design, feito em 2010, e começou a trabalhar na SymbioticA, uma instituição de arte biológica onde artistas e cientistas trabalham em conjunto.
Aqui, iniciou o chamado Pig Project, onde usou 21 cadáveres de porcos – “anatomicamente muito semelhantes aos seres humanos” – para tentar perceber como é que as diversas fibras reagem à decomposição.
Hoje, Pia diz que a experiência foi “terrível e assustadora”. E não é para menos. A designer vestiu os animais com camadas de tecidos diversos e, ao fim de um ano, desenterrou-os e chegou a uma conclusão sobre as vantagens do cânhamo e da seda na criação de peças funerárias ecológica.
“Ao fim de um ano tinham desaparecido totalmente. O cânhamo é uma planta. Quando o pomos na terra, os insectos e os microrganismos reconhecem-nos como orgânico e comem-no rapidamente. A seda demora mais tempo, mas dá uma qualidade extra aos trabalhos”, conta.
Este projecto, de resto, foi gravado pela professora e cineasta norte-americana Kathy Hope, e será exibido, em forma de documentário, no próximo ano. “Death Down Under” será o nome da obra.
Daqui até à comercialização de uma linha comercial, fui um saltinho. Hoje, e a pedido dos clientes, borda coisas tão distintas como o nome do morto, poemas, letras de canções ou até a árvore genealógica da família.
Segundo a designer, o poliéster, o nylon e outras fibras sintéticas só desaparecem ao fim de quatro séculos. Já os tecidos de cânhamo e de algodão, ambos vegetais, levam pouco tempo a desaparecer, entre um a cinco meses.
Na biografia disponível no seu site, Pia é vista como uma designer de moda cujo trabalho incorpora a morte como um conceito científico e psicológico. Se é um facto que o negócio de Pia não é tão glamouroso quanto o da moda dita normal, a verdade é que ele não deixa de ser menos requisitado pelos clientes. E mais ecológico, não contaminando os solos.