Portugal não deve apostar no gás natural como solução para descarbonizar transportes em Portugal



Um estudo divulgado hoje pela associação ZERO defende que o gás natural não é a solução para descarbonizar os transportes em Portugal. Segundo a associação, o impacto deste combustível no clima é equivalente ao gasóleo e gasolina dos carros, ou do fuelóleo pesado dos navios, de acordo com o estudo da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E) hoje divulgado, da qual a ZERO faz parte.

O estudo mostra que a queima de gás natural nos veículos também emite poluentes para a atmosfera como a gasolina, e apresenta vantagens limitadas em relação aos veículos a gasóleo que cumprem as normas de poluição. Outra conclusão do estudo é que os reguladores têm de reconhecer que o gás natural é um combustível fóssil que não pode ser usado com o objetivo de reduzir as emissões de carbono dos transportes rodoviários e que deve começar a ser taxado, como o gasóleo e a gasolina.

“Se tivermos em conta os riscos de fuga de metano, um poderoso gás com efeito de estufa com maior impacto climático do que o CO2, as emissões fósseis de gás natural poderiam aumentar as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) até 9%”, indica a associação.

Já o biometano é um recurso renovável, produzido a partir de resíduos numa perspetiva da economia circular, mas deve ser restrito para sectores onde já existe rede de gás natural.

Assim, a ZERO defende que o gás natural é “uma utopia e uma distração em relação ao objetivo de reduzir emissões nos transportes, para cumprir a meta de descarbonização em 2050”. A associação acrescenta que os “investimentos em Portugal no financiamento a infraestruturas, veículos e embarcações a gás natural devem ser limitados porque são um erro estratégico” e que a “prioridade deve ser dada a infraestruturas de abastecimento elétrico e transição para eletricidade deve ocorrer diretamente dentro de poucos anos”.

Resolução do Conselho de Ministros é um grande erro
A ZERO considera que a Resolução do Conselho de Ministros n.º 88/2017, de 26 de junho, onde se define um Quadro de Ação Nacional de criação da infraestrutura para disponibilização de combustíveis alternativos (eletricidade e gás natural) está, no que respeita a estes últimos, profundamente errada nos argumentos e ações previstas. Está prevista a utilização do gás natural nos transportes rodoviários como um complemento à eletrificação, e no caso do transporte marítimo o gás natural é visto como uma alterativa viável aos atuais combustíveis. Mas a ZERO defende que há custos ambientais, climáticos e para a saúde humana no investimento neste combustível fóssil, e que não deve ser este o caminho da transição energética a prosseguir no nosso país.





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