Camarinha pode ter propriedades anticancerígenas, diz estudo da Universidade de Coimbra
Nas várias experiências desenvolvidas “em linhas celulares de cancro do cólon” por uma equipa da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Química-Física Molecular, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), observou-se que “extratos de camarinha conseguem inibir a proliferação deste tipo de células cancerígenas”, refere uma nota de imprensa da UC, hoje enviada à agência Lusa.
Citadas no documento, as investigadoras da FCTUC Aida Moreira da Silva e Maria João Barroca, coordenadoras do estudo e docentes da Escola Superior Agrária de Coimbra, sublinham o facto de o extrato obtido a partir das folhas da camarinheira se ter mostrado “mais eficaz do que propriamente o extrato das bagas de camarinha”.
“O que é muito interessante, atendendo a que as folhas existem durante todo o ano, enquanto as bagas são sazonais”, argumentam as autoras da investigação.
O trabalho, que envolveu a utilização de várias técnicas físico-químicas, mostrou “resultados promissores” e a equipa de investigadores tenciona agora alargar os testes ‘in vitro’, aplicando os extratos das folhas e bagas do arbusto em células de outros tipos de cancro.
“Estamos a explorar as várias partes da camarinha e da camarinheira. Mesmo dentro do fruto estamos a explorar evidências e comportamentos que nos possam fornecer informação para eventuais futuros fármacos”, avançam Aida Moreira Silva e Maria João Barroca.
“Pretendemos recuperar estas bagas ancestrais, que eram usadas como antipirético e vermicida”, relembram.
As especialistas estão ainda apostadas em explorar uma vertente gastronómica da camarinha, “tendo já recuperado várias receitas antigas, para que, por um lado, não se perca este património e, por outro, possa contribuir para a subsistência de alguns agricultores da orla marítima portuguesa”.
Notam que apesar de abundante na orla marítima de Portugal, a camarinha “está ainda por explorar e a literatura científica sobre a espécie é relativamente reduzida”.
O estudo foi realizado no âmbito das atividades previstas no projeto “IDEAS4life”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e cuja equipa conta com a participação de investigadores da Escola Superior Agrária de Coimbra, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, através da Rede de Química e Tecnologia e do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.