TransforMAR: O projeto que já retirou quase 200 toneladas de plástico das praias portuguesas
O projeto TransforMAR foi criado pelo Lidl Portugal, em conjunto com o Electrão, em 2018, e conta com parceiros como a Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Quercus, a Brigada do Mar e o próprio Ministério do Ambiente.
Esta terça-feira, no Aquário Vasco da Gama, em Lisboa, foram apresentados os resultados da quinta e mais recente edição da iniciativa, que decorreu em 20 praias de norte a sul do país, onde foram colocados contentores nos quais os frequentadores das zonas balneares eram sensibilizados a colocar embalagens de plástico e de metal. Tendo como coluna-mestra a economia circular, esses recipientes, que de outra forma poderiam acabar em aterros, foram convertidos em mais de seis mil t-shirts, totalmente feitas de plástico reciclado.
Este ano, o projeto TransforMAR recolheu várias dezenas de toneladas de plástico das praias, elevando o total para 180 toneladas, desde o arranque o seu arranque há quatro anos.
“Para o Lidl Internacional, a sustentabilidade ambiental é um pilar fundamental, está no nosso ADN”, explica Elena Aldana, diretora de comunicação corporativa do Lidl Portugal, apontando que “fomos desafiados pelos nossos colegas da Alemanha a fazer um verdadeiro projeto de economia circular”.
A responsável recorda que em edições anteriores do projeto os resíduos recolhidos foram transformados em mobiliário urbano e equipamentos para a prática de atividade física, mas que, este ano, “demos uma volta total” e decidiram “dar uma nova vida” a esses resíduos, fazendo t-shirts que foram entregues às pessoas que participaram na iniciativa, com o depósito de embalagens de plástico e de metal nos contentores do TransforMAR, que foram colocados em duas dezenas de praias.
Adianta também que, em colaboração com a Marinha Portuguesa, foram recolhidas redes de pesca perdidas ou abandonadas na zona costeira e que foram usadas para construir esculturas que possam sensibilizar a população para as ameaças que essas áreas enfrentam devido aos resíduos.
Elena Aldana afirma que, com essa ação, o Lidl quer mostrar que as pessoas são, elas próprias, agentes da mudança e podem, e devem, ser participantes ativos da economia circular e na redução dos resíduos que poluem as praias.
Quanto à edição deste ano, diz que “foi um desafio desde o início”, mas destaca que os objetivos foram alcançados, sublinhando que a missão é que chegue o ano em que a edição não recolha quaisquer resíduos, “chegar a uma praia e dizer ‘Olha, não temos nada a recolher’”. “Isso seria ótimo”, confessa.
Com os olhos já postos em 2023, adianta que “esperamos ter um projeto ainda mais desafiante, chegar a mais praias e chegar também aos rios”. “Temos de cuidar da nossa natureza, não só por nós, mas pelas gerações futuras e pela biodiversidade”, alerta.
“O Lidl sempre esteve fortemente posicionado na questão da sustentabilidade e da proteção dos ecossistemas”, assegura Elena Aldana, referindo que o grupo tem colocado em prática políticas de redução dos plásticos nos seus próprios produtos e que, desde 2019, a sua energia advém de fontes renováveis.
Lidl quer reduzir as suas emissões em 70% até 2030
“Toda a nossa energia é 100% verde, estamos a colocar painéis fotovoltaicos em todas as nossas lojas, já temos mais de 100 lojas com postos de carregamento rápido para os carros elétricos dos nossos clientes.”
A responsável diz que o Lidl tem a ambição de reduzir as suas emissões em 70% até 2030, reconhecendo que “são muitos os desafios que temos pela frente, mas isso motiva-nos ainda mais para procurar alcançar um planeta mais saudável e sustentável do que temos hoje em dia”.
Por sua vez, Pedro Nazareth, CEO do Electrão, afirma que o projeto TransforMAR “inovou na área da comunicação ambiental”, porque conseguiu conciliar a limpeza das praias com a sensibilização da população para a correta separação dos resíduos e para a sua conversão no âmbito da economia circular.
O Electrão, parceiro do Lidl nesse projeto, é uma entidade que foi originalmente criada, em 2005, para gerir os resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos em Portugal, mas que, hoje, posiciona-se como uma entidade gestora dos fluxos de resíduos de pilhas e acumuladores e resíduos de embalagens.
Pedro Nazareth considera que as empresas têm um papel importante a desempenhar no contexto dos resíduos, pelo que o Electrão pode incentivá-las “pela adequação dos seus produtos aos sistemas de fim de vida”, ou seja, para que melhor se possam adequar aos sistemas de reciclagem que hoje temos.
“Há que fazer mais”, salienta, “tanto no capítulo da prevenção, do ecodesign, da adequação dos produtos aos sistemas de reciclagem”, acrescentado também que é importante que sejam concebidos produtos com maiores durações.
Ainda assim, afirma que, “mais duradouros ou menos, chegarão ao fim de vida, e precisarão do papel individual de cada um de nós”, para serem colocados nos devidos contentores e iniciarem a sua jornada de transformação.
Sobre se Portugal está o caminho certo na esfera da reciclagem, Pedro Nazareth diz que o país ainda está aquém do que seria desejável, “mas temos feito um caminho que nos honra muito, porque há 15 ou 20 anos tínhamos lixeiras a céu aberto”.
“Estamos ainda num caminho de desviar resíduos de aterros e de dar destinos de fim de vida mais nobres”, frisa, garantindo que Portugal tem um grande potencial para ir mais longe. “A nossa ambição, enquanto Electrão, é aumentar muito a recolha e reciclagem nos três sistemas em que participamos: nos elétricos, nas pilhas e nas embalagens”.
“Temos de acelerar muito”, salienta, apontando que a mensagem que se pretende passar “é muito singela”: “Separem os resíduos lá em casa, vão ao ponto eletrão ou ao ecoponto mais próximo e depositem as vossas embalagens usadas”.
A Marinha Portuguesa é também um dos apoios do projeto TransforMAR. O Comandante Nuno Leitão, diretor do Aquário Vasco da Gama, conta que uma das obrigações desse ramo das Forças Armadas é “garantir um ecossistema livre dos flagelos dos plásticos e das redes de pesca e também a segurança da navegabilidade”.
No âmbito dessa iniciativa, o papel da Marinha prende-se com a retirada do mar das redes de pesca perdidas ou abandonadas, “para que tenhamos um ecossistema mais saudável e mais equilibrado”.