Sinais de aviso: Listas pretas e brancas das doninhas são menos salientes onde há menos predadores
Quando pensamos em doninhas, é quase impossível evitar pensar em animais com caudas peludas e com pelagem preta com riscas brancas. A personagem de desenhos animados Pepe La Pew, do universo Looney Tunes, ajudou a cimentar essa imagem.
Embora existam várias espécies de doninhas que em nada se parecem com esse ícone da animação, é precisamente sobre as doninhas pretas e brancas, também vulgarmente conhecidas como ‘doninhas fedorentas’, da espécie Mephitis mephitis, que uma equipa de investigadores de universidades do Reino Unido e dos Estados Unidos da América se debruçaram.
A coloração distintiva desse animal serve como aviso a potenciais predadores, pois tem uma defesa que justifica o nome que lhe é atribuído. Quando ameaçada, essa doninha expele um jato de líquido com um odor potente que dissuade o predador de um ataque, ou, pelo menos, é esse o objetivo.
As doninhas evoluíram, por isso, um padrão de bandas pretas e brancas no seu pêlo para evitar serem atacadas, mas os cientistas descobriram que, no continente norte-americano, a coloração apresenta grandes variações dependendo do local onde esses animais ocorrem. Algumas eram quase todas pretas e outras praticamente brancas, com outros padrões pelo meio.
Num artigo publicado na revista ‘Evolution’, os investigadores revelam que as diferenças observadas na cor da pelagem são causadas por fatores ambientais, sobretudo pela presença ou ausência de predadores. Isto é, em ambientes onde as doninhas sofrem uma menor pressão da predação, sobretudo por parte de outros mamíferos, existia uma maior profusão de padrões pretos e brancos, mesmo entre indivíduos da mesma população e família.
Por outro lado, quando as doninhas partilham os mesmos espaços com diversas espécies de predadores, as marcas tendem a ser mais bem definidas e muito semelhantes entre indivíduos do mesmo grupo.
Assim, em contextos em que a pressão predatória é menor, existe também uma menor pressão da seleção de indivíduos com marcas de aviso mais bem definidas, resultando em populações e grupos mais heterogéneos no que toca à cor do pêlo.
Os investigadores perceberam também que com a presença de aves predadoras, como águias e corujas, as variações de cor das doninhas, embora ainda observáveis, eram menos pronunciadas. Eles acreditam que isso se deve ao facto de as aves terem uma capacidade olfativa menos apurada, pelo que um sinal de aviso da doninha a indicar que se for atacada libertará uma ‘bombinha de mau cheiro’ poderá não ser um dissuasor particularmente eficaz contra esses predadores alados.
Os cientistas sugerem que os resultados da investigação sobre a Mephitis mephitis poderão ajudar a explicar diferenças nos sinais de aviso coloridos de outras espécies, que podem variar entre indivíduos ou entre populações.