John Alves, McDonald’s: “Em 2013, 34% dos nossos fornecedores serão portugueses”
O director de marketing e comunicação da multinacional norte-americana explica como trabalha a McDonald’s em Portugal, o crescente peso dos fornecedores portugueses e a aposta na alimentação saudável.
Em entrevista exclusiva ao Green Savers, John Alves admite que o processo de selecção de parceiros portugueses é “um trabalho contínuo” e muito exigente em recursos e tempo, mas irá continuar a ser fulcral no desenvolvimento da empresa.
A McDonald’s está a promover ingredientes de produção nacional nos menus portugueses. Quando arrancou esta estratégia e quais os principais objectivos a atingir?
Apesar de a McDonald’s ser uma marca global, procura sempre dar primazia ao cariz local, preservando as características e os valores de cada País. Por isso, à medida que a McDonald’s diversifica o seu menu – adaptado ao gosto e expectactivas dos portugueses – e introduz novos serviços e produtos, tem vindo a criar oportunidades de negócio para novos fornecedores locais, bem como para o crescimento de alguns dos seus actuais parceiros.
O lançamento do projecto Sopíssima, em 2005, é um bom exemplo desta aposta da marca. Este foi um projecto 100% português, idealizado, concebido e executado por uma equipa da McDonald’s Portugal, em colaboração directa com fornecedores locais, de forma a dar resposta a uma necessidade concreta do mercado português.
No futuro, o nosso objectivo é continuar a apostar e a investir nos fornecedores e produtores portugueses, bem como nos ingredientes nacionais. Actualmente, cerca de um terço do volume de compras da McDonald’s Portugal já é feito a fornecedores nacionais (directos e indirectos).
Quais os principais problemas que têm encontrado no desenvolvimento desta estratégia?
O processo de selecção de parceiros nacionais é um trabalho contínuo que exige muito investimento em recursos e tempo para desenvolvimento e aprovação dos fornecedores pelo departamento de qualidade e pelo departamento de compras da McDonald’s Portugal.
Apesar de ser um processo de selecção complexo, abre a porta para que estes fornecedores fiquem certificados para fornecer qualquer restaurante McDonald’s na Europa.
A produção nacional consegue satisfazer todas as vossas necessidades?
Não em todos os casos. Podemos referir, a título de exemplo, a carne utilizada nos nossos hambúrgueres, fornecidos pela OSI Food Solutions. A carne de vaca portuguesa incorporada representa, presentemente, cerca de 20% das necessidades da McDonald’s Portugal. Apesar da nossa aposta na produção nacional, o número de fornecedores nacionais, presentemente, ainda não é suficiente para garantir todas as necessidades do mercado português. Não obstante, temos como objectivo aumentar essa quantidade no futuro próximo.
Esperam, no futuro, conseguir 100% dos vossos ingredientes via fornecedores portugueses, ou é impossível? Se for possível, qual o prazo para tal acontecer?
Não conseguimos afirmar se será possível. Contudo, o nosso número de fornecedores nacionais tem vindo a crescer ao longo destes 21 anos de presença da McDonald’s em Portugal, à medida que a nossa marca foi evoluindo e é esse o nosso repto para o futuro: que continuemos a crescer em conjunto.
Como e onde estão a procurar fornecedores portugueses? Existe alguma delimitação geográfica, dentro de Portugal, para a procura destes fornecedores?
Não existe delimitação geográfica. Contudo, os níveis de exigência da McDonald’s na qualificação dos fornecedores são um garante de qualidade mas, também, um desafio em termos de fornecimento de matéria-prima.
A McDonald’s, bem como os seus fornecedores, tem rigorosos procedimentos a nível de rastreabilidade, auditorias, normas de qualidade, higiene e segurança alimentar que todos têm de cumprir de modo a poderem ser fornecedores McDonald’s, por forma a garantir a qualidade dos nossos ingredientes e cumprimento, não só da legislação, como do nosso caderno de encargos.
Quanto esperam poupar com esta estratégia a médio e longo prazo? (não só ao nível de emissões de CO2 mas também custos de transporte, por exemplo).
Ainda não temos acesso a esses dados.
Em que ponto está a entrada da carne açoriana para os vossos menus? Este projecto será apenas desenvolvido nos Açores ou também em Portugal Continental?
Neste momento ainda é prematuro confirmar a possibilidade de virmos a incorporar carne açoriana na OSI Food Solutions. Existe, claramente, interesse por parte da McDonald’s e do seu fornecedor de hambúrgueres em comprar carne de vaca nos Açores e estamos a estudar a forma de concretizar essa possibilidade.
Para tal está a decorrer um processo de aprovação e certificação interno, de forma a garantir os rigorosos padrões de qualidade e segurança alimentar da McDonald’s, em que serão necessárias várias visitas ao Arquipélago.
De qualquer forma, caso esta incorporação de carne açoriana se venha a verificar, irá abranger todo o país, e não apenas o fornecimento para o arquipélago.
Assinaram recentemente um acordo com a Vitacress. De que forma os produtos saudáveis poderão potenciar as vendas dos vossos restaurantes?
Sim, a Vitacress é, de facto, o mais recente fornecedor da McDonald’s Portugal. As matérias-primas a fornecer pela Vitacress passam pelo mix para as saladas (alface iceberg, alface romana, cenoura, espinafre e alface roxa), tomate cherry, alface iceberg e alface-batávia. Neste caso não se trata de um produto novo, mas sim da alteração de um fornecedor, que não era português, para um fornecedor nacional.
Quanto investem, por ano, no desenvolvimento de produtos e menus saudáveis?
Anualmente, a McDonald’s Portugal investe cerca de €500 mil (R$1,2 milhões) em trabalho de research, como suporte ao lançamento de novos produtos.
A Vitacress teve de investir em maquinaria e adaptação das linhas de embalamento para se tornar vossa fornecedora. É este o principal problema a contribuir para que a McDonald’s Portugal não tenha mais fornecedores portugueses, os rigorosos processos de segurança alimentar?
Para se tornarem fornecedores da McDonald’s, [estes] precisam de corresponder a vários requisitos exigidos pela marca em diversas áreas, como, por exemplo, a área da segurança alimentar. Para assegurar o cumprimento de todas as normas legais e das que são exigidas pela marca, todos os nossos fornecedores, quer nacionais, quer internacionais, são previamente auditados pelo departamento da qualidade e pelo departamento de compras da McDonald’s, bem como, por entidades terceiras.
Que percentagem dos vossos fornecedores é portuguesa?
Presentemente, temos 35 fornecedores, que representam já cerca de um terço das nossas compras. Em 2013 contamos que o peso dos fornecedores nacionais atinja os 34%.
A McDonald’s esteve presente – creio que pela primeira vez – na Feira Nacional da Agricultura. Como foram recebidos por esta comunidade?
A participação da McDonald’s, pela primeira vez, na Feira Nacional de Agricultura, foi sem dúvida um marco importante para a empresa e uma oportunidade única para os consumidores e o público em geral conhecerem a aposta contínua da McDonald’s na produção nacional e a preferência pela qualidade dos produtos portugueses nos seus restaurantes.
Fomos muito bem recebidos por toda a comunidade e os comentários que recebemos foram todos bastante positivos. Gostaríamos, igualmente, de destacar o importante envolvimento e apoio prestado pelo Centro Nacional de Exposições (CNEMA) e pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
Trouxeram algum negócio alinhavado de Santarém?
Durante a nossa presença na Feira Nacional de Agricultura recebemos alguns contactos. Contudo, ainda é prematuro falarmos em novas parcerias.
São também patrocinadores dos Nutrition Awards. O que esperam destes prémios?
Premiar e difundir projectos inovadores e empreendedores que se destaquem na área da indústria agroalimentar.
Os Nutrition Awards irão este ano promover a inovação no sector agroalimentar. Esperam ver algum projeto que possa ser implementado por vós?
Já participámos em edições anteriores com projectos próprios mas, em 2012, não iremos apresentar nenhum caso da McDonald’s, dado que não temos nenhum que consideremos que se enquadre no perfil da iniciativa.
Os portugueses têm consciência dos investimentos feitos pela McDonald’s Portugal na promoção da alimentação saudável, a produção nacional e segurança alimentar?
Sim, a evolução da McDonald’s em Portugal tem sido notória. Ao longo destes 21 anos temos sido fiéis à nossa filosofia de marca global mas com relevância local, feita em Portugal, por e para portugueses.
A essência dos nossos valores e filosofia de serviços mantém-se – boa qualidade, com um excelente serviço, por um bom preço – mas, ao longo destas duas décadas, houve uma evolução natural da nossa marca, que se traduz na nova imagem, serviços inovadores e maior diversificação na oferta.
Através dos estudos de mercado que realizamos regularmente é notório o conhecimento e o reconhecimento que os nossos consumidores têm em relação à marca, à qualidade dos nossos produtos, à diversificação da nossa ementa, ao trabalho que temos vindo a fazer ao nível da nutrição, à evolução do nosso serviço, ao reconhecimento da imagem moderna e atractiva dos restaurantes. Estes factores têm vindo a crescer ao longo dos últimos anos.